Perturbação
de oposição – Lidar com o desafio
Á medida que as crianças
ficam mais autónomas em termos motores, começam a compreender que existem
separadamente dos pais e que podem exercer algum controlo no mundo. Uma forma
poderosa de o fazerem é desafiando os pais. Querem afirmar-se, fazer coisas
sozinhas de forma a construir a sua autoconfiança e autonomia. O ideal é encontrar
formas de mostrar-lhe que pode exercer algum controlo e fazer as suas próprias
escolhas de uma forma positiva.
Algumas crianças são, mais
desafiantes do que outras. Crianças que têm reacções emocionais intensas, assim
como as que são mais tímidas e cautelosas, podem ser mais desafiantes do que
aquelas que têm um temperamento mais calmo e flexível. Isto porque têm
dificuldades com as mudanças, por exemplo, ir para a cama, visitar um lugar
novo, etc. As mudanças normais ao longo do dia, podem ser stressantes e
resultar numa grande variedade de estratégias de protesto por parte das
crianças.
Pensar nas seguintes
questões pode ajudá-lo a adaptar e aplicar a informação à sua criança e à sua
família:
- A
que é que a sua criança tende a opor-se mais? O que é que essas situações
têm em comum (se têm)?
- Porque
acha que essas situações levam a sua criança a comportar-se assim? Como
acha que esse entendimento a pode ajudar a ajudar a sua criança a lidar
melhor com essas situações?
- Como
reage, quando a sua criança a desafia? O que é que resulta e o que é que
não resulta? O que pode aprender acerca disto?
Por volta dos 18 meses, as crianças
começam a compreender que existem separadamente dos outros – que têm os seus
próprios pensamentos e sentimentos. Compreendem e podem seguir orientações simples
mas estão ansiosas por deixar a sua “marca” no mundo e uma das formas de o
demonstrarem é, desafiando os seus pais. Este tipo de comportamento é típico
nesta fase do desenvolvimento, em que as crianças estão desejosas de exercer
algum controlo sob o mundo e fazer as suas próprias escolhas.
1.
Antecipar
as situações que podem levar a criança a desafiá-la, pode ajudá-la a lidar com
essas situações. Por exemplo, fazer com que ela saiba que compreende como lhe é
difícil ir para a creche. Pode oferecer-lhe a possibilidade de levar um
brinquedo para ajudá-la a fazer a transição. Pode também dar um “aviso” à
criança, antes de uma transição. Pode mesmo utilizar um temporizador para que
possam ter alguma noção do tempo, ou fazer um poster com imagens das rotinas diárias,
como por exemplo, imagens de lavar os dentes, lavar o rosto, ler e depois ir
para a cama, mostram às crianças o que podem esperar que aconteça a seguir.
Para crianças um pouco mais velhas, pode dar “pistas” sobre as transições, como
“Mais três vezes no escorrega e depois vamos embora”.
É muito importante agir de
acordo com o limite que se definiu.
- Deve
responder com empatia e definir limites claros. Deve validar os
sentimentos da sua criança; isso ajuda-a a perceber que os seus
sentimentos importam. Para muitas crianças, a empatia e validação ajuda-as
a acalmar-se. Dar um nome aos seus sentimentos também a ajuda a aprender a
tomar consciência das suas emoções e, aprender a geri-las. Deve usar
linguagem simples e directa: “Eu sei que não queres vestir o pijama. É
difícil deixar a brincadeira para ir para a cama”. Quando salta esta
etapa, as crianças normalmente reagem mais intensamente para lhe mostrar como
estão chateadas. É nesta fase, normalmente, que começam as birras.
- Defina
o limite. “Está na hora de ir para a cama. Precisas de dormir para que o
teu corpo possa descansar e crescer forte e saudável.” Use linguagem que a
criança compreenda, frases curtas e claras, mas não ameaçadoras.
- Ofereça
algumas escolhas: “Queres vestir o pijama antes ou depois de lermos a
história?” ou dar-lhe a escolher, entre dois pijamas de que ela gosta. Dar
a possibilidade de escolha à criança, permite-lhe sentir algum controlo
mas de forma positiva e pode reduzir os comportamentos de oposição.
- Use
de sentido de humor. É uma óptima forma de retirar alguma intensidade à
situação. Use a imaginação. Por exemplo, para uma criança que se recusa a
ir para a cama: A Mariana (boneca) está tão cansada, ela quer dormir e
quer que te deites com ela…”
- Aplique o limite. Se nenhuma das
estratégias descritas resultar, aplique calma e firmemente o limite.
“Podes ir para o teu lugar no carro, ou eu coloco-te lá. Escolhe.” Se a
criança resistir, faça-o. Com um tom de voz calmo, pode dizer que
compreende que ele não gosta de tal situação ou, simplesmente, começar a
falar sobre outro assunto. “Uau, olha só para aquele cão enorme ali na
rua.” E evite ceder. Se ceder às birras, a criança aprende que, se
insistir o suficiente, consegue aquilo que quer.
- Pense
nos seus próprios comportamentos: estará a enviar mensagens contraditórias
à criança? Por vezes, as nossas próprias escolhas podem influenciar o
comportamento das crianças. Evite a armadilha do “Está bem?”. “Vamos para
a cama agora, está bem?”. É uma forma confusa para as crianças mais novas,
porque pensam que têm a hipótese de dizer “Não”. Assegure-se de que
comunica claramente o que não oferece escolha. “Está na hora de vestir o
pijama e preparar-se para ir para a cama. Queres vestir o pijama verde, ou
o vermelho?”
Se o comportamento da criança está a
interferir com o seu funcionamento diário, na sua capacidade de fazer amigos e
interagir com estes, com as suas competências de exploração e aprendizagem ou a
afectar negativamente a relação com os pais, então, é importante procurar ajuda
profissional adequada. Uma avaliação feita por um profissional na área da
infância, pode fornecer informações importantes sobre o que poderá estar na
raiz do comportamento desafiador da criança e dar ideias sobre como poderá
ajudá-la a lidar melhor com determinadas situações.