quarta-feira, 22 de abril de 2015

Ajude o seu filho a ter sucesso na escola

 Por Roberto Gomes
O seu filho tem repetido que não quer ir para a escola ou não o diz, mas nota nele desmotivação ou as notas estão a baixar? Qual são os pais que nunca ouviram o seu filho dizer, logo pela manhã, que não quer ir à escola? Mas vamos por partes.
Nem sempre as más notas se devem a verdadeiras dificuldades de aprendizagem e daí ser muito importante estar atento ao seu filho e tentar perceber o que se passa verdadeiramente com ele. É que as emoções, na maioria das vezes, tomam conta da situação e têm um impato muito forte na forma como o seu filho aprende. Neste campo, os pais podem ajudar a superar os obstáculos e os bloqueios emocionais e que para isso, muitas vezes, basta falar e fazer perguntas diretas e concretas.
Todos os pais já ouviram os seus filhos dizerem que não querem ir à escola. O problema começa quando a situação é recorrente e prolongado no tempo. Quando assim é, esta questão deve ser valorizada. Nas crianças mais pequenas, o não querem ir à escola é porque rejeitam rotinas que começam muito cedo, outras porque não querem ficar longe das mães e há ainda os casos de insegurança e de bullying. Se bem que este problema coloca-se mais no primeiro ciclo, mas pode surgir ao longo de todo o percurso, normalmente com as mudanças de ciclo que implicam mudança de escola ou outros factores.
Os pais devem conversar com os filhos pela manhã dizendo “Agora vamos ter de ir embora porque a mãe (ou o pai) tem de ir trabalhar e tu tens que ir para a escola. Temos mesmo que fazer isto, Mais tarde falamos sobre isso (e mais tarde devem mesmo falar sobre o assunto e tentar perceber as razões do filho não querer ir à escola e se acharem necessário devem ir à escola falar com o professor ou mesmo com o psicólogo)”.Os pais devem sempre mostrar aos filhos os aspectos positivos da escola e da sua importância.
Outro aspeto, está relacionado com as várias mudanças que podem ocorrer na vida de uma criança e de um adolescente que podem provocar a quebra de estabilidade e as rotinas, como a mudança de escola, o nascimento de um irmão, o divórcio dos pais, a morte de alguém próximo. Alguns sintomas podem surgir como os vómitos, cólica, recusa em ir à escola, distracção na sala de aula, isolamento ou agressividade, etc. Nestas situações, é muito importante ouvir as crianças, mesmo quando elas não querem falar. Uma técnica é fazer perguntas objectivas. Não se deve perguntar: o teu dia correu bem? Mas sim: qual foi a melhor parte do teu dia e a pior? E esta conversa pode acorrer no caminho da escola para casa. Se isso não resultar, pode sempre tentar partilhar as experiências e dizer também qual foi o melhor e a pior parte do seu dia no trabalho.
Mas falar apenas com as crianças não chega. É preciso falar com o professor, com os colegas, os pais dos colegas, com o psicólogo da escola ou até colocar a anterior escola em contato com a actual para que os profissionais percebam o que mudou e porque mudo.
Caso seja fácil sinalizar as mudanças que originaram as alterações de comportamento do seu filho e por conseguinte o insucesso escolar, pode ir adaptando histórias que costuma contar ao seu filho à situação que ele está viver, para que este perceba que as mudanças são naturais e assim vá perdendo o medo e a ansiedade; outro aspeto importante é os pais preparem os filhos para a mudança sempre que esta é esperada: o divórcio, a morte de alguém que está doente há algum tempo, a mudança de escola, etc.
No entanto, existem também aquelas crianças e jovens que, genericamente, não gostam da escola. Este problema pode ser desencadeado por algum acontecimento que leva à desmotivação – por exemplo a entrada no ensino secundário sem prespetivas de futuro, ou a dificuldade de aprendizagem logo nos primeiros anos de escola. Assim, cabe também aos professores e pais usarem uma linguagem que as crianças e jovens entendam e trazer as aprendizagens para o dia a dia. Por exemplo, os pais ao invés de perguntarem se o dia correu bem, devem perguntar o que é que o filho, ou a filha, aprendeu na escola e como é que isso se pode aplicar numa situação real da vida. Além disso, os pais devem sempre procurar falar com os filhos, tentar perceber porque eles estão desmotivados e se por acaso não estiverem a conseguir ajudá-los, então devem, como já vimos anteriormente, procurar ajuda de profissionais e quanto mais cedo o fizerem melhor pois agir mais tarde pode ajudar a que os bloqueios aumentem. Muitas vezes são estes pequenos bloqueios emocionais que estão por trás da não aprendizagem. Estas crianças acumulam frustração emocional. Uns fecham-se e ficam calados, e outros viram rebeldes porque, perante os pares é mais fácil dizer “eu não quero” do que “eu não consigo”. O controlo das emoções é fundamental para se alcançar um bom desempenho escolar.
Aos pais cabe também um papel muito importante na motivação dos seus filhos. Primeiro que tudo, é preciso que a criança ou jovem sejam felizes. Uma estratégia passa pela importância de incutir nas crianças o hábito de pensar em três coisas boas que lhes aconteceu durante o dia antes de irem dormir. Desta forma reprograma-se o cérebro e o sono é mais descansado. Além da felicidade, os pais podem ajudar os filhos a sentirem-se capazes. Para isso, por cada reprimenda que dão ao filho, têm de encontrar cinco comportamentos ou acções positivas e não se podem ficar pelo elogio genérico. Têm de se referir a ações concretas. É também muito importante que os pais tenham noção da importância das oito horas de sono e que garantam que os filhos descansam o tempo indicado (a única forma de passar informação a curto prazo para longo prazo é dormir; fazer uma sesta de 10 a 15 minutos quando se está a estudar para um teste é aconselhável se não a memória de curto prazo não aguenta).
Outros dos problemas que surge normalmente à medida que os estudantes vão passando estapas escolares é o da indefinição vocacional, o que pode provocar desmotivações e resultados escolares mais fracos. Os jovens ao 9º ano não têm que saber o que querem ser mas têm que perceber o que gostam de fazer e qual a sua área de eleição. O problema é que muitos alunos ainda chegam ao 9º ano completamente perdidos. E de quem é a culpa? Um pouco dos pais porque estes perderam o hábito de lhes perguntarem o que querem ser quando forem grandes. Cabe aos pais ajudarem e darem ferramentas aos filhos para estes serem mais críticos. Perguntar aos filhos o que querem ser quando forem grandes, conversarem com eles sobre o assunto, mostrar-lhes as várias hipóteses que existem, ajudá-los a estar bem informados sobre o que se faz em cada profissão para que eles não criem expectativas erradas. Podem e devem também procurar ajuda dos gabinetes de orientação nas escolas. É também muito importante que os pais proporcionem aos filhos outras atividades para além da escola, como hobbies ou atividades em família pois permite que as crianças vão tendo maior compreensão sobre o que gostam de fazer.




Fonte: Observador.pt