quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Qual o papel dos pais no desenvolvimento de cérebro do bebé?

Por Cláudia Sousa Andrade
O ser humano é o único animal que nasce com o cérebro não desenvolvido, que se desenvolve depois do nascimento. Mesmo assim, quando nasce, o bebé traz consigo um conjunto muito útil de instintos imprescindíveis para a sua sobrevivência e orientação para novos envolvimentos.
Também os pais estão programados para amarem e responderem adequadamente às interações do bebé. A maioria dos adultos (e também das crianças) acha os bebés irresistíveis e instintivamente tem o desejo de os cuidar e de os proteger. Os bebés, por sua vez, têm tendência a orientar-se para a cara das pessoas e estão predispostas a ouvir mais os sons humanos do que outros sons.
O desenvolvimento do cérebro está dependente das experiencias precoces, calorosas e da atividade cerebral, isto é, dos estímulos do envolvimento. A maioria dos bebés recebe desde os primeiros dias, através dos instintos parentais que se traduzem em comportamentos como: o toque, o segurar no colo, o confortar, o embalar, no cantar e no falar com ele, que têm impacto biológico no desenvolvimento do seu cérebro. Esta é a melhor forma de estimular o cérebro em crescimento, de promover o desenvolvimento dos genes a alcançar o seu máximo potencial e de fortalecer as conexões nervosas, enquanto ajudamos a criança a adaptar-se ao seu novo ambiente e se processa o crescimento das vias neuronais.
É através das experiências diárias dos pais cuidarem do seu bebé, que surgem grandes oportunidades de influenciar o crescimento do cérebro da criança. O contacto ocular, falar, beijar, abraçar, embalar, afagar e pegar ao colo, contribuem para o reconhecimento de pistas verbais e não-verbais que o bebé aprende a reconhecer, a expressar e a imitar. O carinho e as respostas adequadas e sensíveis para com o bebé, parecem proporcionar-lhe o melhor e mais encorajador envolvimento, que lhes permitir explorarem-no e assim apanharem o principal caminho para a aprendizagem.
É enquanto isto que o nosso bebé digere e associa as informações que lhe permitem construir a base para o desenvolvimento da linguagem, das relações sociais, das ideias, da criatividade e da personalidade.
Mas o cérebro também é plástico, razão pela qual todas as experiências da criança estimulam, quer positiva, quer negativamente as suas conexões nervosas. Uma vez que o cérebro é altamente eficiente, ele desliga neurónios que não são usados, enquanto fortalece as ligações daqueles que são usados consistentemente. Sem ativação neuronal, o sistema fica em um estado de espera com desenvolvimento inadequado. Por outro lado, ambientes enriquecidos podem prolongar o período de maior plasticidade. Este processo é chamado de arborização dendrítica, caraterizado pelo desenvolvimento de sinapses (ligações neuronais) e torna possível um correto desenvolvimento, sendo muito ativa durante a infância.
Entre o nascimento e os 10 anos, o cérebro da criança forma triliões de conexões, que se não forem estimuladas, por experiencias mentais ou físicas, serão desligadas.
Esta plasticidade cerebral e as experiências envolvimentais a que o cérebro está mais suscetível permitem a identificação de períodos críticos do desenvolvimento, identificados como um período em que determinadas aprendizagens podem ocorrer de forme ideal. Fora deste período crítico as aprendizagens podem ocorrer, mas com maior esforço.
A título de exemplo, pode-se afirmar que o período crítico do desenvolvimento para aprender a andar de bicicleta, termina pelos 6 anos e que para a aquisição da linguagem, começa a desligar-se por volta dos 5 anos.

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