quarta-feira, 2 de novembro de 2016

As redes de apoio social

Por Cláudia Sousa Andrade
As redes sociais providenciam diversas formas de apoio social e referem-se a um conjunto de indivíduos que prestam informações e cujas ações levam o sujeito a sentir-se amado e considerado, enquanto sente que alguém se preocupa com ele (Brandão e Craveirinha, 2011, citando Cobb). As autoras referem ainda, que são as pessoas que fazem a diferença na vida umas das outras.

Serrano (2007), citando por sua vez Vaux, refere que o apoio social implica por isto um processo dinâmico de transações mútuas, entre uma pessoa e a sua rede social, ocorrendo estas transações no seio de um contexto ecológico.
Ainda segundo os últimos autores, as formas de apoio prestadas correspondem a determinadas ações que os membros da sociedade identificam como esforços, que têm como principal objetivo, prestar apoio a pessoas que dele necessitam e que ocorrem espontaneamente ou por solicitação da pessoa alvo.

Para caraterizar as redes, Serrano (2007) apresenta três dimensões, com base em estudos realizados por Cochran & Brassard. Temos por isso a considerar:
(1) Caraterísticas relacionais: representa aspetos da rede pessoal que afetam diretamente as interações entre os indivíduos. Assim, os autores incluem nesta categoria: conteúdo de cada relação (inclui a troca de bens e serviços, informação, partilha, recreação e apoio emocional); a direção de cada relação (a natureza reciproca do processo de troca e o poder na relação); a intensidade da relação (necessidade de pedir apoio, ou de renunciar a ele em detrimento de outro).
(2) Propriedades estruturais que incluem a dimensão da rede (a ligação pessoal entre indivíduos e a sua diversidade).
 (3) Localização espaciotemporal que inclui a proximidade geográfica e a continuidade dos elementos da rede.

Dunst et al., citados por Brandão e Craveirinha (2011) distinguem dois tipos de redes de apoio:
  •       A rede de apoio informal: inclui os familiares, os amigos, os vizinhos, os colegas e os grupos sociais, tais como associações religiosas, clubes, etc. Este é o tipo de redes que as pessoas que têm necessidades primeiro consultam, uma vez que a preocupação mútua e a afinidade psicológica caraterizam as trocas de apoio social entre cada um dos elementos da rede.
  •      A rede de apoio formal: engloba os profissionais (médicos, educadores, assistentes sociais, etc.), e as instituições (hospitais e centros de saúde, creches e jardins de infância, serviços e programas de estimulação, segurança social), que são organizadas formalmente para prestar apoio a quem dele necessite

Como vimos anteriormente na sua descrição, a rede social é fundamental na prestação de apoio social às pessoas que dele necessitam e a sua inexistência coloca em risco as famílias, os seus elementos e as crianças.

Há ainda a considerar as várias áreas de prestação de apoio pelas redes sociais, que correspondem a ações desempenhadas pelos seus membros para ajudar a pessoa alvo e que são realizadas de forma espontânea ou perante uma solicitação. Desta forma, Serrano (2007) cita vários autores que definiram como áreas de ajuda as seguintes:
  •       Preocupação, assistência, desejo de interação, confiança (Brim);
  •     Apoio emocional, assistência orientada para a tarefa, comunicação da avaliação e expetativa, sentido de pertença (Caplan);
  •        Apoio, aconselhamento, feedback (Tolsdorf)
  •      Apoio emocional, serviço e ajuda material, manutenção da identidade social, informação diversa, acesso a novos contatos sociais (Walker et al.)
  •      Vinculação, troca de serviços, orientação, integração social, sentido de aliança, reafirmação de mais-valia, oportunidade de providenciar cuidados (Weiss).

Referimos desta forma as redes sociais onde se encontram os recursos necessários para se proceder ao apoio social, indispensável para o funcionamento de muitas famílias e seus elementos em risco biopsicossocial.

Fontes:
Brandão , T. M.; Craveirinha, F. P. (2011) Redes de apoio social em famílias multiculturais, acompanhadas no âmbito da intervenção precoce: um estudo exploratório in Análise Psicológica 1(XXIX), pp.27-45

Serrano, A. M. (2007) A importância do apoio social em práticas centradas na família in Redes sociais de apoio e sua relevância para a intervenção precoce. 16 Coleção Educação Especial. Porto Editora. Pp-78-91