sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Avaliação parental e Parentalidade minimamente adequada



Segundo Pereira & Alarcão (2010), a avaliação parental num contexto de proteção à infância, tem a ver com a elaboração de um parecer sobre a adequação do comportamento parental no presente (em termos de competências parentais) e no futuro (em relação às capacidades parentais).

No entanto, as mesmas autoras, referem ainda que a avaliação parental é considerada uma tarefa difícil, devido ao facto de ocorrer num contexto de grande emocionalidade, à falta de guiões de avaliação que permitam aferir uma “competência parental mínima” e à ausência de critérios claros sobre o que constitui uma parentalidade “suficientemente boa”.

Citando Reder,et al., Pereira e Alarcão (2010) referem que a avaliação parental é apontada como um processo planeado, capaz de transmitir informações sobre o seu funcionamento e o dos pais, permitindo formar uma opinião sobre se as necessidades da criança estão a ser satisfeitas. As autoras acrescentam ainda, a previsão da forma como se poderão usar os recursos disponíveis para o exercício da sua parentalidade no futuro. Choate (2008) acrescenta ainda que esta avaliação deve determinar se em relação às crianças ou jovens, se os pais podem proporcionar um envolvimento seguro, estável, e previsível que a apoie em termos de desenvolvimento psicológico e físico, as especificidades da criança.

Crawford (2011) refere que na avaliação o avaliador tem que fazer a distinção entre competências parentais e capacidades parentais. Assim, as competências parentais referem-se à aptidão para o desempenho da parentalidade por um curto período de tempo, num envolvimento específico. Contudo, isto não demonstra a capacidade de exercer a parentalidade a longo termo. As capacidades parentais estão muito dependentes de fatores contextuais, tais como a cultura, crenças e valores, circunstâncias socioeconómicas e proximidade da rede de apoio informal.

Apesar de não existir um critério universalmente aceite daquilo que se definiria como “parentalidade minimamente adequada” existem expetativas apontadas por Woodcock (2003), e referidas por Pereira e Alarcão (2010), que se referem: (1) à expetativa de “prever o dano”; (2) expetativa dos pais serem capazes de satisfazer os níveis de desenvolvimento da criança; (3) expetativa dos pais assegurarem os cuidados físicos dos filhos; (4) expetativa dos pais serem emocionalmente sensíveis e estarem disponíveis.

A parentalidade minimamente adequada deve ainda incluir, segundo Choate (2009), rotinas, previsibilidade, segurança e limites apropriados, uma emocionalidade positiva expressa pelos pais para com a criança e uma abordagem centrada na criança na relação entre os pais e filhos.

Por seu lado, Crawford (2011) aponta a capacidade de adaptação positiva dos pais à mudança de necessidades e às circunstâncias da vida das crianças.

Numa perspetiva sistémica, podemos referir que todos os elementos dos vários níveis ecológicos são operacionalizados nesta definição de parentalidade minimamente adequada. Assim, são apontados entre outros, os técnicos e os seus valores culturais, bem como as definições de cada família, a capacidade parental para lidar com os desafios comportamentais dos filhos e lidar com as suas próprias características. São também consideradas as normas culturais, sociais e legais vigentes em cada contexto. Isto acontece numa perspetiva de análise das características dos pais, da criança e do contexto, segundo o modelo de Belsky.

O Conselho da Europa, definiu em 2006, o desempenho positivo do papel parental como “o comportamento parental focado nos interesses da criança, que seja cuidador, capacitante, não violento, que reconheça a criança e a oriente, o que implica a definição de limites para potenciar o seu desenvolvimento integral” (pp. 2). Atualmente o Conselho da Europa recomenda como princípios orientadores das politicas de apoio à parentalidade a Convenção dos Direitos da Criança, a parentalidade positiva, a eliminação da punição física, a promoção da igualdade de género, as responsabilidades parentais e uma cultura de não violência.

Não podemos negar que a parentalidade é um desafio constante para o ser humano, que enfrenta poucas certezas, algumas hesitações e muitas dúvidas sobre a temática.

Podemos então concluir que a avaliação parental é o meio privilegiado para a determinação da existência de uma parentalidade minimamente adequada, que permita o desenvolvimento adequado e global da criança, para que ela possa de futuro desempenhar a sua cidadania de forma plena, sendo também um processo importante na proteção social da criança.

Bibliografia

Choate, P. (2009) Parenting capacity assessments in child protection casa. In The Forensic Examiner, spring 18 (1)

Crawford, J. (2011) Bringing it together: Assessing parenting capacity in the child protection context. In Social Work Now, April. pp.18-26

Pereira. D.; Alarcão. M. (2010) Avaliação da parentalidade no quadro de proteção à infância. In Temas em Psicologia 18(2) pp. 499-517

 

terça-feira, 23 de julho de 2013


Intervenção Precoce ou Competências Parentais?

 
É sabido da importância das primeiras experiências, no sucesso do desenvolvimento infantil. É também comum a noção de que, as situações de pobreza familiar associada a comunidades também elas empobrecidas, limitam as possibilidades da criança beneficiar de experiências significativas de aprendizagem e desenvolvimento.

Segundo Machado (2012) a Intervenção Precoce visa prevenir a exclusão social em crianças de risco: seja este risco inerente ao seu meio de pertença (risco ambiental), ou devido às características biológicas da criança (risco biológico).

Citando vários autores como Engle, Felner, Shonkoff, Machado (2012) refere que as crianças vítimas da pobreza são sinalizadas como estando em risco, atendendo às diversas privações cumulativas de que sofrem (alimentação, cuidados de saúde, cuidados parentais adequados e educação de qualidade), que comprometem o desenvolvimento, podendo mesmo conduzir a deficits cognitivos, no desempenho e na linguagem, na infância e na adolescência. Também a pobreza gera outros fatores de risco, muitas vezes associados ao stress parental, que ao intervir nas relações pais criança, torna os cuidadores maltratantes ou negligentes, o que mais uma vez, deteriora o desenvolvimento. A ausência de fatores de proteção aumenta a vulnerabilidade da criança.

Os pais influenciam o desenvolvimento das crianças pela forma como exercem a parentalidade. A parentalidade é o conjunto de atividades exercidas no sentido de assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança, que implicam um conjunto de fatores relativos a características individuais dos pais, a características da criança e a fatores do contexto social alargado. Machado (2012) refere ainda que em risco ambiental, a conjugação destes três fatores encaminham os pais no sentido da disfuncionalidade ou da fragilidade dos cuidados que prestam. Por exemplo, o risco de situações ambientais como o consumo de drogas, a violência, mães adolescentes e psicopatologia parental, concorrem para aumentar a situação de risco da criança.

Mais uma vez, Machado (2012) citando Guralnick, aponta a sua proposta de abordagem sistémica global, como quadro unificador das práticas de Intervenção Precoce, seguindo as orientações atuais de intervenção centrada na família nas intervenções individualizadas e na coordenação de serviços de apoio. Ao intervir com a família, permite capacitar os elementos que tratam da criança, a lidar com as suas particularidades e as do seu meio, que a colocam em risco.

Verifica-se que foram as situações de desvantagem socioeconómica que impulsionaram o nascimento da Intervenção Precoce nos Estados Unidos da América, na década de 60 do século XX, com o objetivo de identificar alterações do desenvolvimento, para se poder intervir precocemente, invertendo potenciais percursos desviantes. Em 2005, 19 países Europeus juntaram-se para referir que a Intervenção Precoce é um conjunto de serviços/recursos para crianças em idades precoces e suas famílias (…) incluindo qualquer ação realizada quando a criança necessita de apoio especializado para: assegurar e incrementar o seu desenvolvimento pessoal; fortalecer as competências da própria família; e promover a inclusão da família. (in EuroNews on Special Needs Education, citado por Machado, 2012).

 Machado (2012) salienta ainda que ao agir sobre as condições do desenvolvimento, a Intervenção Precoce promove os fatores protetores, permitindo às crianças cumprir a escolaridade que se traduz depois em fatores positivos para a sociedade, que se traduzem em menores riscos de desemprego, delinquência e/ou dependência de subsídios estatais.

É neste quadro que se insere o Programa de Intervenção Precoce e Competências Parentais, cujo alvo de intervenção são as crianças de risco ambiental e as suas famílias, numa perspectiva de promover a adequação do seu desenvolvimento, do seu bem-estar e da sua futura vivencia de uma cidadania plena.

Machado, T. S. (2012) Risco ambiental e desenvolvimento na infância: Justificando a Intervenção Precoce. in Psicologia, Educação e Cultura, XVI(1), pp. 146-165.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Modelo Ecológico da Parentalidade


Numa apreciação critica ao Modelo de Belsky, Kotchick e Forehand (2002, citados por Barroso & Machado, 2011), estes reforçam a existência de múltiplos fatores com influencia nas práticas parentais, embora dêem mais importância ao contexto social onde a família atua, chamando a atenção para fatores fora da família como por exemplo, riscos e recursos comunitários, a qualidade da vizinhança, a pobreza, os costumes culturais e étnicos e ainda o suporte social.
A partir do modelo ecológico da parentalidade descrito por Luster & Okagaki, Kotchick & Forehand, citados por Barroso & Machado (2011) destacam-se os resultados que o contexto social promove no exercício da parentalidade, nomeadamente os efeitos provocados pela etnia e cultura, pelo estatuto socioeconómico, pelo ambiente comunitário e pela vizinhança.

Pode dizer-se que o contexto social tem uma importância basilar, mas que existe uma tendência para ignorar o impacto dos contextos de vizinhança e comunitário no comportamento humano e nas suas consequências adversas a nível dos processos psicológicos.
Num estudo realizado por Flouri et al, (2009) e citado por Barroso & Machado (2011), são comparados os efeitos contextuais, em termos de vizinhança e família com os resultados a nível da psicopatologia infantil, sendo que ambos os factores contextuais referidos têm influência àquele nível de contexto, sobretudo por ação de múltiplos riscos familiares, independentes do estatuto socioeconómico.

Quando existe privação económica, o acesso a recursos pessoais, familiares e comunitários podem atenuar os efeitos que decorrem desta desvantagem, tendo sido referida a importância do desenvolvimento de competências de autorregulação e autoestima nos programas desenhados para esta população, bem como, fomentar uma maior monitorização parental.
Podemos referir que, quando se pretende avaliar a influência do contexto comunitário sobre as percepções que os pais têm da sua parentalidade, verifica-se que as características individuais passam rapidamente para segundo plano, quando comparadas com as características dessa comunidade.

Em relação aos fatores étnico e cultural, os modelos familiares integram diversas crenças sobre as competências julgadas importantes para a sobrevivência e sucesso das crianças. É por isso que os objectivos dos comportamentos parentais em determinado contexto cultural são o de utilizar os recursos disponíveis na comunidade, tendo em vista o desenvolvimento dessas competências infantis valorizadas culturalmente.
Bibliografia:
Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica 52, pp. 211-230.

 

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Determinantes da Parentalidade

Uma questão que tem preocupado os investigadores, é a compreensão do porque é que certos indivíduos parecem ter mais sucesso na realização efectiva da parentalidade, ao contrário de outros. Para responder a esta questão, têm-se procurado analisar características individuais e sociais, que expliquem esta diferença.
O termo determinante(s) refere-se a qualquer fator demográfico e psicológico que se encontre relacionado com o comportamento parental (Belsky, 1990, citado por Barroso & Machado, 2011).
O comportamento parental pode ser influenciado por várias determinantes, que estão representadas no Modelo de Belsky. Este modelo presume que a parentalidade é diretamente influenciada por três determinantes: fatores individuais dos pais (personalidade e psicopatologia), fatores individuais da criança (temperamento) e fatores sociais, num contexto alargado, onde ocorrem as trocas pais-criança (relações maritais, ocupação profissional parental, redes de suporte social, …).
No caso, em que o comportamento da criança afeta o comportamento parental, Barroso & Machado (2011) referem estudos em que se concluiu, que crianças com um temperamento mais difícil (maior negativismo, irritabilidade ou pouca sociabilidade), despertam comportamentos parentais de maior hostilidade, menor responsividade e menos sensibilidade para com a criança.
Relativamente às caraterísticas dos pais, Barroso & Machado (2011), apresentam fatores da personalidade como sendo facilitadores da parentalidade, tais como elevados índices de extroversão, de amabilidade, de abertura a novas experiências e de consciência, o que poderá estar na origem de um padrão educativo de maior suporte, responsividade e estimulação inteletual.
As experiências desenvolvimentais dos pais durante a sua infância, influenciam o comportamento enquanto pais, os seus traços de personalidade e o seu bem-estar social.
Finalmente, no que se refere aos fatores sócio-contextuais, Barroso & Machado (2011) referem que a rede de apoio social, bem como as caraterísticas da vizinhança e da comunidade em que a família se insere, determinam certos comportamentos na atividade parental. É referida a importância da coesão e organização social e ainda a existência de redes de suporte informal e formal na prevenção de ambientes de risco e perigo. Em termos da relação marital, os estudos comprova que o funcionamento marital negativo e conflituoso, tem um efeito contraproducente no desenvolvimento e na saúde física e psicológica da criança. Relativamente à empregabilidade, os estudos apontam o impacto no ambiente familiar e no desenvolvimento da criança.
Citado por Barroso & Machado (2011), Belsky considera este modelo, como dinâmico e moderador, possibilitando a observação dos sistemas de proteção de ameaças à parentalidade. Os autores referem ainda que, a parentalidade ótima, é definida como um estado dinâmico entre as três determinantes da parentalidade (caraterísticas da criança, dos pais e do contexto), que podem variar, em função do que permitir uma melhor qualidade de cuidados à criança, num dado momento. Verifica-se que os três determinantes da parentalidade, não exercem o mesmo peso neste sistema. Belsky considera que a determinante crucial se refere às caraerísticas parentais (a nível dos recursos pessoais e psicológicos), seguido das fontes contextuais e sociais de apoio, e por fim das características da criança. Assim, desde que os recursos pessoais e psicológicos parentais permaneçam em ação, mesmo que dois ou três determinantes estejam em risco, um alto funcionamento parental continuará a ocorrer.
 Bibliografia:
Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica, 52, pp. 211-229


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Dimensões parentais


Na continuidade do artigo anterior, vamos neste momento, debruçar-nos sobre as dimensões da parentalidade, cujo modelo a subdivide em atividades parentais, áreas funcionais e prerequisitos.

As atividades parentais traduzem-se nas que permitem uma parentalidade que garanta a satisfação das necessidades de sobrevivência dos seus descendentes.
Incluem, os cuidados físicos (implicam segundo Reader, Duncan & Lucey, citados por Barroso & Machado, 2011, a garantia de alimentos, proteção, vestuário, higiene, hábitos de sono, prevenção de acidentes ou de doenças previsíveis e ainda a tomada de ações rápidas para a resolução eficaz destas situações); cuidados emocionais (O’Connor, citado por Barroso & Machado, 2011) inclui comportamentos que afirmam o respeito pela criança, isto é, a sua perceção de que é apreciada e oportunidades para que seja autónoma com vista a uma interação positiva, consciente e estável entre ela e o ambiente, físico ou social, de forma a facilitar uma vinculação segura e previsível, criando uma relação otimista relativamente a novas experiencias); os cuidados sociais (dizem respeito à integração da criança em casa e na escola, à aceitação de responsabilidades na execução de tarefas e no relacionamento com os outros, de forma a evitar o seu isolamento de adultos e de outras crianças).
A dimensão do controlo e disciplina, relacionam-se com a imposição de limites, culturalmente adequados à idade e, com o controlo comportamental, incluindo a incitação parental à realização de determinadas atividades e a supervisão da criança.
Relativamente às atividades de desenvolvimento, estas implicam os desejos parentais de que a criança realize todo o seu potencial nas diferentes áreas de desenvolvimento, pelas ações de encorajamento, criação de novas oportunidades, promoção de competências desportivas, artísticas, culturais e o incutir de valores.

 Na subdivisão do modelo, as áreas funcionais implicam elementos que se prendem com aspetos do funcionamento da criança, que requerem atenção parental, fazendo a especificação de determinadas tarefas parentais.
A funcionalidade física relaciona-se com a atenção parental na prevenção de danos e na criação de oportunidades para um crescimento positivo do estado de saúde física da criança, das suas necessidades de sobrevivência e da otimização do seu bem-estar. A funcionalidade inteletual refere-se à tarefa parental de potenciar as aquisições académicas e encorajar o impacto positivo das práticas educativas. Relativamente ao comportamento social, as funções parentais dizem respeito à obtenção de respostas apropriadas aos relacionamentos sociais e ainda, à interiorização das regras culturais e legais, relativas a pessoas e propriedades. Finalmente a saúde mental que é constituída pelos pensamentos, sentimentos e comportamentos que a criança manifesta em relação a si própria e em relação aos outros, é influenciada pelas práticas educativas parentais.

 Hoghughi, citado por Barroso & Machado, 2011, integra neste modelo das dimensões da parentalidade, os prerequisitos necessários para o desenvolvimento da atividade parental, que incluem conhecimento, compreensão, motivação, recursos e oportunidades. Segundo o autor, conhecimento e compreensão são pontos de partida essenciais para que o processo parental seja efetivo, envolvendo o reconhecimento do estado da criança, a sua interpretação adequada e a efetuação da resposta adequada, podendo implicar o conhecimento sobre o desenvolvimento da criança, o envolvimento coma criança e a imposição de normas e limites.
O padrão de motivação neste contexto, diz respeito aos desejos e compromissos dos pais em canalizar os esforços necessários para manter e melhorar as condições de sociabilização da criança. A motivação para a parentalidade, prende-se com questões ligadas aos papéis sociais e identidade de cada um dos progenitores, exigências profissionais, aceitação da responsabilidade, com a subsistência económica e com fatores culturais.
Também essencial para o desempenho parental, é o prerequisito recursos, que se refere às qualidades parentais (abordagem interativa com a criança), às competências parentais (recebidas através de programas parentais, por experiências próprias ou por observação de outros pais), às redes sociais (presença, envolvimento e responsividade de outros) e aos recursos materiais (recursos económicos).
Finalmente em relação à oportunidade, nesta incluem-se sobretudo as questões relacionadas com o tempo dispendido pelos pais, no exercício da sua parentalidade.

 Bibliografia: Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade. In Psychologica, 52, pp. 211-230

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013


Parentalidade
A parentalidade é um conceito através do qual a comunidade científica aborda e estuda os processos e actividades parentais, sendo definido por Hoghughi (2004) como um conjunto de actividades propositadas no sentido de se assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.
Este processo deve ocorrer num ambiente seguro, de modo a socializar a criança e a torna-la progressivamente mais autónoma. Parece ser a principal tarefa de uma geração (os pais), prepararem a segunda geração (os filhos), para as situações físicas, económicas e psicossociais com que irão debater-se ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, sendo por isso uma das tarefas mais complexas, difíceis e com maiores desafios e responsabilidades para o ser humano (Barroso e Machado, 2011).
Pode dizer-se que que os critérios usados na definição deste conceito são socialmente construídos, sendo que as suas conceções e práticas são diferentes de cultura para cultura, estando dependentes em particular de noções como a distância interpessoal e os objectivos da socialização.
Apesar destas diferenças culturais, tem-se verificado que as dimensões e tarefas estruturais que surgem nas relações pais filhos, permanecem semelhantes.
Hoghughi, com base nas propostas de Bronfenbrenner e Belsky propõe um modelo integrativo dos elementos teóricos da parentalidade, com base em onze dimensões. Segundo este modelo, a parentalidade divide-se em atividades parentais (conjunto de atividades necessárias para uma parentalidade suficientemente adequada), em actividades funcionais (principais aspetos do funcionamento da criança) e pré requisitos (conjunto de especificidades necessárias para o desenvolvimento da atividade parental).
Em próximos artigos, analisaremos as questões relacionadas com as dimensões e as determinantes da parentalidade.

Bibliografia: Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psyghologica, 52, pp. 211-230