terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Dimensões parentais


Na continuidade do artigo anterior, vamos neste momento, debruçar-nos sobre as dimensões da parentalidade, cujo modelo a subdivide em atividades parentais, áreas funcionais e prerequisitos.

As atividades parentais traduzem-se nas que permitem uma parentalidade que garanta a satisfação das necessidades de sobrevivência dos seus descendentes.
Incluem, os cuidados físicos (implicam segundo Reader, Duncan & Lucey, citados por Barroso & Machado, 2011, a garantia de alimentos, proteção, vestuário, higiene, hábitos de sono, prevenção de acidentes ou de doenças previsíveis e ainda a tomada de ações rápidas para a resolução eficaz destas situações); cuidados emocionais (O’Connor, citado por Barroso & Machado, 2011) inclui comportamentos que afirmam o respeito pela criança, isto é, a sua perceção de que é apreciada e oportunidades para que seja autónoma com vista a uma interação positiva, consciente e estável entre ela e o ambiente, físico ou social, de forma a facilitar uma vinculação segura e previsível, criando uma relação otimista relativamente a novas experiencias); os cuidados sociais (dizem respeito à integração da criança em casa e na escola, à aceitação de responsabilidades na execução de tarefas e no relacionamento com os outros, de forma a evitar o seu isolamento de adultos e de outras crianças).
A dimensão do controlo e disciplina, relacionam-se com a imposição de limites, culturalmente adequados à idade e, com o controlo comportamental, incluindo a incitação parental à realização de determinadas atividades e a supervisão da criança.
Relativamente às atividades de desenvolvimento, estas implicam os desejos parentais de que a criança realize todo o seu potencial nas diferentes áreas de desenvolvimento, pelas ações de encorajamento, criação de novas oportunidades, promoção de competências desportivas, artísticas, culturais e o incutir de valores.

 Na subdivisão do modelo, as áreas funcionais implicam elementos que se prendem com aspetos do funcionamento da criança, que requerem atenção parental, fazendo a especificação de determinadas tarefas parentais.
A funcionalidade física relaciona-se com a atenção parental na prevenção de danos e na criação de oportunidades para um crescimento positivo do estado de saúde física da criança, das suas necessidades de sobrevivência e da otimização do seu bem-estar. A funcionalidade inteletual refere-se à tarefa parental de potenciar as aquisições académicas e encorajar o impacto positivo das práticas educativas. Relativamente ao comportamento social, as funções parentais dizem respeito à obtenção de respostas apropriadas aos relacionamentos sociais e ainda, à interiorização das regras culturais e legais, relativas a pessoas e propriedades. Finalmente a saúde mental que é constituída pelos pensamentos, sentimentos e comportamentos que a criança manifesta em relação a si própria e em relação aos outros, é influenciada pelas práticas educativas parentais.

 Hoghughi, citado por Barroso & Machado, 2011, integra neste modelo das dimensões da parentalidade, os prerequisitos necessários para o desenvolvimento da atividade parental, que incluem conhecimento, compreensão, motivação, recursos e oportunidades. Segundo o autor, conhecimento e compreensão são pontos de partida essenciais para que o processo parental seja efetivo, envolvendo o reconhecimento do estado da criança, a sua interpretação adequada e a efetuação da resposta adequada, podendo implicar o conhecimento sobre o desenvolvimento da criança, o envolvimento coma criança e a imposição de normas e limites.
O padrão de motivação neste contexto, diz respeito aos desejos e compromissos dos pais em canalizar os esforços necessários para manter e melhorar as condições de sociabilização da criança. A motivação para a parentalidade, prende-se com questões ligadas aos papéis sociais e identidade de cada um dos progenitores, exigências profissionais, aceitação da responsabilidade, com a subsistência económica e com fatores culturais.
Também essencial para o desempenho parental, é o prerequisito recursos, que se refere às qualidades parentais (abordagem interativa com a criança), às competências parentais (recebidas através de programas parentais, por experiências próprias ou por observação de outros pais), às redes sociais (presença, envolvimento e responsividade de outros) e aos recursos materiais (recursos económicos).
Finalmente em relação à oportunidade, nesta incluem-se sobretudo as questões relacionadas com o tempo dispendido pelos pais, no exercício da sua parentalidade.

 Bibliografia: Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade. In Psychologica, 52, pp. 211-230