Por Cláudia Sousa Andrade
Tem-se considerado o apoio social
como um meio de intervenção social que tem tido impacto positivo no
desenvolvimento humano, funciona como as maiores fontes de ajuda e assistência necessárias
para as famílias irem ao encontro das suas necessidades e das necessidades individuais
dos seus elementos, funcionando ainda particularmente como uma forma importante
de suporte da função parental.
Funciona também como um fator de
proteção, visto que apesar de não eliminar os fatores de risco, tem capacidade
de filtrar ou amortecer o seu impacto, afectando assim positivamente o bem-estar
da família, a saúde e o bem-estar dos pais, a qualidade da função parental, o
estilo de interações entre os pais e a criança/jovem e o desenvolvimento da
criança.
A ação deste apoio social ocorre
de dois modos:
- Tem impacto direto nos adultos cuidadores da criança, influenciando as suas crenças, atitudes, comportamentos ou conhecimentos.
- Nas crianças o seu impacto é indirecto ou direto, através dos contactos desta com os membros com a rede social dos pais ou cuidadores.
Podemos apontar como refere
Serrano (2007), citando Cobb, que o apoio social é a informação que é trocada a
nível interpessoal e que proporciona ao individuo diferentes tipos de
informação: (1) apoio emocional, que implica que é amado e cuidado; (2) estimado,
que implica que é acarinhado e valorizado; e (3) apoio de rede, que implica que
é pertença de uma rede de comunicação que envolve obrigações e entendimentos
mútuos.
Por sua vez, Brandão &
Craveirinha (2011), citam Dunst, para definirem o apoio social como um tipo de
ajuda e assistência que tem carater emocional, psicológico, associativo,
informativo, instrumental ou material, que é prestada pelos membros das redes
de apoio social, influenciando de forma positiva o recetor dessa ajuda. Tal conjuntos
de ações vão promover no recetor, situações de saúde e bem-estar, bem como a
adaptação aos acontecimentos da vida e ao seu desenvolvimento.
Estes membros das redes de apoio
social operam através dos vários níveis ecológicos, nas quias se incluem as
relações intimas, relações de amizade, ligações com a família alargada e também
outro contactos formais e informais da comunidade.
Tardy, citado por Serrano (2007)
sintetiza alguns fatores importantes na construção deste conceito:
- Direção: o apoio social que é dado e recebido
- Disponibilidade: quantidade ou qualidade do apoio que as pessoas têm acesso
- Descrição/avaliação: refere-se ao grau de satisfação das pessoas relativamente ao apoio social que receberam
- Conteúdo: varia com a situação. Apoio emocional, que envolve cuidar; apoio instrumental, que envolve emprestar dinheiro e/ou colocar tempo pessoal ou capacidades à disposição do outro; apoio informativo, que se refere a aconselhamento; e apreciação, que se refere a um feedback avaliativo.
- Rede: dimensão social do apoio; os membros da rede podem incluir a família, amigos próximos, vizinhos, colegas de trabalho, membros de comunidade, profissionais,…
Por seu lado, Brandão & Craveirinha,
referem que Dunst et al. sugeriu cinco componentes do apoio social que se encontram
subdivididas em dimensões e que incluem:
- Apoio relacional: quantidade de relações sociais existentes;
- Apoio estrutural: caraterísticas de densidade, estabilidade, consistência, frequência de contactos e reciprocidade nas relações, das redes sociais de apoio;
- Apoio funcional: fonte, tipo (material, instrumental, emocional, etc.), quantidade e qualidade do apoio prestado;
- Apoio constitucional: conjunto de necessidades sentidas, recursos disponíveis e congruência entre uns e outros;
- Satisfação o apoio: medida em que o apoio é percepcionado como útil e satisfatório.
Pierce et al., citado por Serrano
(2007) considera que o apoio social implica um resultado complexo e engloba os três
elementos seguintes: esquemas, relações e transacções de apoio.
- Referem que os esquemas de apoio se relacionam com as expetativas que cada um de nós tem acerca da disposição do nosso envolvimento social para providenciar ajuda, caso seja necessário. As crianças cujas interações com os seus pais são responsivas, isto é, envolvem apoio, sensibilidade e as respostas são direccionadas para as suas necessidades, desenvolvem expetativas positivas relativamente à capacidade dos outros para disponibilizarem apoio e aprendem a receber e a disponibilizar apoio elas próprias. Pelo contrário, crianças que não vêm satisfeitas as suas necessidades de apoio pelas pessoas próximas, desenvolvem uma opinião sobre os outros como sendo incapazes de ajudar a suprimir necessidades.
- As relações de apoio referem-se às expetativas que o individuo tem acerca do modo como os outros indivíduos irão reagir no caso da sua ajuda ser necessária.
- As transacções de apoio envolvem entre dois indivíduos, transacções comportamentais que devem ser uma das seguintes: (1) tentativa por parte do recetor, de conseguir o apoio de outra pessoa; (2) adoção de comportamentos de apoio por parte de quem o irá prestar; (3) receção de comportamentos de apoio por parte do possível recetor.
Serrano (2007) refere ainda,
citando Ryan & Solky, que este apoio se deve traduzir no apoio à autonomia,
porque desta forma este facilita o desenvolvimento psicológico e a integração
social, ao aumentar a autoestima, a autoconfiança, a realização, a vontade e a
vitalidade do individuo. Outros tipos de apoio social, como a assistência
financeira, de bens materiais, de ajuda ou orientação devem ser prestados
também num ambiente de autonomia, sem qualquer tipo de controlo, de pressão ou
de passagem de mensagem de incompetência, pois neste caso, não será vivido pelo
recetor como um apoio e não terá consequentemente efeito positivo no bem estar
psicológico do recetor.
Fontes bibliográficas:
Brandão, M. T.; Craveirinha, F. (2011) Redes de Apoio Social em Familias Multiculturais, Acompanhadas no âmbito da Intervenção Precoce: Um Estudo Exploratório in Análise Psicológica 1 (XXIX) pp:27-45
Serrano, A. M. (2007) A Importância do Apoio Social em Práticas Centradas na Família in Redes Sociais de Apoio e sua Relevância para a Intervenção Precoce. Coleção Educação Especial. Porto Editora. pp:78-91