Por Cláudia Sousa Andrade
A parentalidade possivelmente, representa
uma das competências que mais satisfação dá ao individuo adulta, apesar das
exigências que implica. Cada pai ou mãe vivência o desempenho do seu papel
parental de forma mais ou menos competente (Ferreira, et al, 2014), medindo
esta competência segundo a avaliação da sua auto-eficácia.
A auto-eficácia parental é o
resultado da avaliação que é realizada pelos pais sob a forma como desempenha
as suas funções parentais e os sentimentos que daí decorrem (Brites et al,
2011). As autoras citando vários autores como Scheeo & Rieckman, Ardelt
& Eccles, Kuhn & Carter, entre outros, referem que o conceito de
auto-eficácia parental pode ser concetualizado de diversas perspetivas que funcionam
como:
- Uma crença
parental relativamente à capacidade de influenciar a criança, bem como o
seu meio, promovendo assim o seu desenvolvimento e o seu sucesso;
- Os sentimentos de competência parental na
prestação dos cuidados à criança;
- O grau de confiança que os pais apresentam
relativamente ao seu papel parental.
Uma outra das dimensões inerente
à auto-eficácia, é segundo a Brites et al. (2011) o controlo, que é uma
variável importante em termos de competências parentais. Representa um ato de
controlo sobre si próprio, que não é mais do que as competências nos métodos
educativos que se manifestam nos comportamentos da criança. Por outro lado,
implicam um ato de controlo no contexto familiar, sobre as regras familiares,
fazendo com que as interações familiares transpareçam nas condutas parentais.
Segundas as autoras, que citam
Harwood et al, este é ainda um fator importante na adaptação à função parental.
Isto acontece devido aos níveis de auto-eficácia sentido pelos pais:
- Auto-eficácia
elevada: indicador de pais com expetativas positivas sobre as suas vidas, vai
influenciar positivamente o comportamento e o desenvolvimento dos filhos
- Auto-eficácia
baixa: indicador de pais com níveis mais elevados de stress, que apresentam
indisponibilidade psicológica, comportamentos defensivos e de controlo, afeto
negativo, elevada sensibilidade e evitamento de situações em que as
crianças expressam comportamentos difíceis (Ferreira, et al, 2014). Afeta
negativamente as práticas parentais.
Ferreira, et al (2014) referem,
analisando alguns estudos efetuados em que, as mães apresentam níveis de
auto-eficácia superiores aos dos pais; que os pais são mais competentes na
disciplina e as mães no afeto e cuidado instrumental, tal como indicam as
crenças da diferença de género, que apontam as mães como mais afetuosas e os
pais mais rígidos. Os pais com baixos níveis de escolaridade sentem-se menos
competentes a cuidar e ensinar os filhos e têm maior controlo sobre crenças dos
resultados. Os pais que só têm um filho sentem-se mais competentes no afeto;
enquanto os que têm três filhos ou mais, sentem-se menos competentes no ato de
brincar com as crianças. Estes autores referem ainda estudos em que, uma
elevada perceção de auto-eficácia e práticas parentais positivas, facilitam a
perceção e compreensão dos sinais pela criança, apresentando estas níveis superiores
de desenvolvimento, interações mais positivas e menos comportamentos negativos.~
Ainda referindo este tema,
referidos autores alegam que a perceção de auto-eficácia paterna é influenciada
por fatores externos, como as políticas, leis e valores de cada sociedade, bem
como pelo tamanho e estilo de funcionamento da família. Referem ainda a
influência das caraterísticas da criança e por variáveis intrínsecas aos
próprios, como a idade, a educação e o estado matrimonial.
Finalmente referem que em termos
do comportamento das crianças em casos de boa perceção de auto-eficácia parental,
em situações de comportamento parental adequado e de suporte, estas apresentam
ajustamentos comportamentais, baixas condições de stress e depressão,
ajustamento sócio-emocional e sucesso académico (Ferreira et al, 2014).
Os referidos autores, apontam
ainda que se considera que um pai é eficaz, quando consegue reconhecer as
necessidades da criança e satisfaze-las de forma adequada, visto que tem
conhecimentos que lhe permitem realiza-las e confiança nas suas competências. Apresentam
ainda, um conjunto de competências que lhes permite lidar com as exigências do
papel parental, sem frustrações nem sentimentos de incompetência assinaláveis.
Fontes bibliográficas:
Brites;, R.¸
Martins, M.H.; Nunes, O. (2011) Escala de auto-eficácia Parental: Validação e
Estudos Metodológicos, in Actas do VIII Congresso Iberoamericano de
Avaliação/Evaluación Psicológica XV Conferência Internacional Avaliação
Psicológica: Formas e Contextos Faculdade de Psicologia da Universidade de
Lisboa, Portugal, Julho 2011.
Ferreira,
B.; Monteiro, L.; Fernandes, C.; Cardoso, J.; Veríssimo, M.; Santos, A. (2014)
Perceção de Competência Parental: Exploração do domínio geral de competência e
domínios específicos de auto-eficácia, numa amostra de pais e mães portuguesas
in Análise Psicológica 2(XXXII) pp 145-156