sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A Auto eficácia parental

Por Cláudia Sousa Andrade
A parentalidade possivelmente, representa uma das competências que mais satisfação dá ao individuo adulta, apesar das exigências que implica. Cada pai ou mãe vivência o desempenho do seu papel parental de forma mais ou menos competente (Ferreira, et al, 2014), medindo esta competência segundo a avaliação da sua auto-eficácia.

A auto-eficácia parental é o resultado da avaliação que é realizada pelos pais sob a forma como desempenha as suas funções parentais e os sentimentos que daí decorrem (Brites et al, 2011). As autoras citando vários autores como Scheeo &  Rieckman, Ardelt & Eccles, Kuhn & Carter, entre outros, referem que o conceito de auto-eficácia parental pode ser concetualizado de diversas perspetivas que funcionam como:
  • Uma crença parental relativamente à capacidade de influenciar a criança, bem como o seu meio, promovendo assim o seu desenvolvimento e o seu sucesso;
  •  Os sentimentos de competência parental na prestação dos cuidados à criança;
  •  O grau de confiança que os pais apresentam relativamente ao seu papel parental.

Uma outra das dimensões inerente à auto-eficácia, é segundo a Brites et al. (2011) o controlo, que é uma variável importante em termos de competências parentais. Representa um ato de controlo sobre si próprio, que não é mais do que as competências nos métodos educativos que se manifestam nos comportamentos da criança. Por outro lado, implicam um ato de controlo no contexto familiar, sobre as regras familiares, fazendo com que as interações familiares transpareçam nas condutas parentais.
Segundas as autoras, que citam Harwood et al, este é ainda um fator importante na adaptação à função parental. Isto acontece devido aos níveis de auto-eficácia sentido pelos pais:
  • Auto-eficácia elevada: indicador de pais com expetativas positivas sobre as suas vidas, vai influenciar positivamente o comportamento e o desenvolvimento dos filhos
  • Auto-eficácia baixa: indicador de pais com níveis mais elevados de stress, que apresentam indisponibilidade psicológica, comportamentos defensivos e de controlo, afeto negativo, elevada sensibilidade e evitamento de situações em que as crianças expressam comportamentos difíceis (Ferreira, et al, 2014). Afeta negativamente as práticas parentais.
Ferreira, et al (2014) referem, analisando alguns estudos efetuados em que, as mães apresentam níveis de auto-eficácia superiores aos dos pais; que os pais são mais competentes na disciplina e as mães no afeto e cuidado instrumental, tal como indicam as crenças da diferença de género, que apontam as mães como mais afetuosas e os pais mais rígidos. Os pais com baixos níveis de escolaridade sentem-se menos competentes a cuidar e ensinar os filhos e têm maior controlo sobre crenças dos resultados. Os pais que só têm um filho sentem-se mais competentes no afeto; enquanto os que têm três filhos ou mais, sentem-se menos competentes no ato de brincar com as crianças. Estes autores referem ainda estudos em que, uma elevada perceção de auto-eficácia e práticas parentais positivas, facilitam a perceção e compreensão dos sinais pela criança, apresentando estas níveis superiores de desenvolvimento, interações mais positivas e menos comportamentos negativos.~

Ainda referindo este tema, referidos autores alegam que a perceção de auto-eficácia paterna é influenciada por fatores externos, como as políticas, leis e valores de cada sociedade, bem como pelo tamanho e estilo de funcionamento da família. Referem ainda a influência das caraterísticas da criança e por variáveis intrínsecas aos próprios, como a idade, a educação e o estado matrimonial.
Finalmente referem que em termos do comportamento das crianças em casos de boa perceção de auto-eficácia parental, em situações de comportamento parental adequado e de suporte, estas apresentam ajustamentos comportamentais, baixas condições de stress e depressão, ajustamento sócio-emocional e sucesso académico (Ferreira et al, 2014).

Os referidos autores, apontam ainda que se considera que um pai é eficaz, quando consegue reconhecer as necessidades da criança e satisfaze-las de forma adequada, visto que tem conhecimentos que lhe permitem realiza-las e confiança nas suas competências. Apresentam ainda, um conjunto de competências que lhes permite lidar com as exigências do papel parental, sem frustrações nem sentimentos de incompetência assinaláveis.

Fontes bibliográficas:
Brites;, R.¸ Martins, M.H.; Nunes, O. (2011) Escala de auto-eficácia Parental: Validação e Estudos Metodológicos, in Actas do VIII Congresso Iberoamericano de Avaliação/Evaluación Psicológica XV Conferência Internacional Avaliação Psicológica: Formas e Contextos Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Portugal, Julho 2011.

Ferreira, B.; Monteiro, L.; Fernandes, C.; Cardoso, J.; Veríssimo, M.; Santos, A. (2014) Perceção de Competência Parental: Exploração do domínio geral de competência e domínios específicos de auto-eficácia, numa amostra de pais e mães portuguesas in Análise Psicológica 2(XXXII) pp 145-156