Por Cláudia Sousa Andrade
O nascimento de um filho provoca um
período de instabilidade nos comportamentos, com a entrada numa nova fase do
ciclo de vida da família, a complexificação e ampliação
do sistema familiar e a transição para a parentalidade. Verifica-se que a
transição para a parentalidade é considerada uma fase das mais dramáticas e
intensas que o ser humano enfrenta (Martins et al, 2017).
A aquisição das competências
parentais é uma tarefa complexa, para a qual são necessárias adaptações e reorganizações,
que podem por em risco a saúde e o bem-estar dos adultos bem como o
desenvolvimento da criança. Esta é também uma tarefa multidimensional que
engloba aspetos de dimensão pessoal, cultural, da padíade e social (Gauthier
& deMontigny, citados por Martins et al, 2017)
A transição para
a parentalidade é facilitada ou dificultada por vários fatores como seja o
significado que a própria situação tem para os pais, por atitudes e crenças,
conhecimento e preparação para o seu exercício. A nível da social, também esta dimensão
pode facilitar ou dificultar a transição, em termos de suporte familiar, o
nível socioeconómico e cultural, etc.
No âmbito das funções da
parentalidade os pais apresentam respostas comportamentais, emocionais e
cognitivas, e as suas funções enquadram-se na “satisfação das necessidades
básicas”, em “ disponibilizar à criança um mundo físico organizado e
previsível”, em “satisfazer as necessidades de afeto, da confiança e de
segurança”, bem como satisfazer as “necessidades de interação social da
criança” e as “necessidades de
compreensão cognitiva das realidades extrafamiliares” (Cruz, 2005).Estas funções enquadram-se no
artigo 27º da Convenção sobre os Direitos da Criança, que indica que é da
responsabilidade parental, de acordo com as suas competências e capacidades financeiras,
condições de vida necessárias para permitir o desenvolvimento da criança
Para além destas funções, os pais desempenham
ainda outros papéis importantes, como seja o de parceiros de interação, o de
instrutores diretos no planeamento e implementação de estí mulos de aprendizagem.
À medida que este processo evolui
e que a criança cresce e se desenvolve, o processo da parentalidade também
sofre adaptações e reorganizações. A adaptação continua que implica um processo
de gestão de novas emoções, comportamentos e preocupações.
Fontes bibliográficas:
Martins, C.; Abreu, W.; Figueiredo, M. C. (2017) Tornar-se Pai ou Mãe: O desenvolvimento do processo parental in Actas do 6 º Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa: Investigação Qualitativa em Saúde vol.2 pp 40-49
Cruz, O. (2005) Parentalidade 1ª Edição, Quarteto, Coimbra