quarta-feira, 9 de maio de 2012

Estilos Parentais


A forma que os pais utilizam na promoção da socialização dos seus filhos, que não é mais do que o processo pelo qual se adquirem os valores, crenças, normas e formas de conduta adequadas à sociedade a que pertencemos, enquadra-se nos estilos parentais, um conjunto de atitudes para com os filhos, que criam um envolvimento emocional, no qual se expressam os comportamentos dos pais.

 Na década de 60 do século XX, Diana Baumrind propôs um modelo teórico de classificação da relação pais-filhos com base em três tipos de controlo parental: autoritativo, autoritário e permissivo.

Nos anos 80 do referido século Maccoby e Martin, com base no modelo de Baumrind tentaram medir o estilo parental como função de duas dimensões: a responsividade e a exigência.
      A responsividade consiste nos seguintes elementos:
  • Afeto: refere-se à expressão do amor dos pais, à empatia e emoção com que os pais incentivam as crianças a participar nas estratégias cooperativas e está associado com o desenvolvimento moral das crianças;
  • Reciprocidade: sincronização e adaptação de processos nas interacções pais/filhos; depois de atingir os objectivos, a criança vai avançar, usando respostas do seu repertório e induzindo o cuidador a ajustar os seus planos e a levar em consideração as necessidades da criança;
  • Comunicação parental bidirecional: é desenvolvida e centrada na pessoa que detém a legitima autoridade parental e que por meio da persuasão, tende a ser melhor aceite pela criança.
       Por sua vez a exigência consiste em:
  • Confronto: quando se deparam com um comportamento inadequado por parte da criança, alguns pais mantêm-se firmes no confronto, mesmo quando este gera um conflito e não cedem às exigências descabidas por parte das crianças;
  • Supervisão: uma casa organizada requer expectativas consistentes, regras claras, responsabilidades definidas, promoção da auto-regulação e supervisão da criança, sendo que a supervisão contribui para a prevenção de comportamentos antissociais, sendo no entanto uma tarefa exigente que alguns pais não estão dispostos a assumir.
  • Disciplina consistente: o controlo parental tem como finalidade orientar a criança em direcção a objectivos seleccionados pelos pais, modificar expressões de imaturidade, de hostilidade e promover a obediência. O controlo comportamental pode ser exercido mediante a extinção de comportamentos indesejados ou pelo uso da punição.

Analisando os estilos parentais através destas duas dimensões, podemos referir que: pais autocráticos se caracterizam por elevados níveis de responsividade e exigência, enquanto que os pais autoritários apresentam níveis elevados de exigência e baixos de responsividade. Maccoby e Martin distinguiram dois subtipos diferentes no estilo parental permissivo: os pais permissivos que têm baixos níveis de exigência e altos níveis de responsividade e os pais negligentes que têm baixos níveis de exigência e responsividade.

Nos anos 90, Darling e Steinberg desenvolveram, com base no que havia anteriormente, o modelo integrativo que partilhava as dimensões de aceitação/afeto e a de controlo, com os quatro estilos parentais. Desta forma, verificamos que:
1) Estilo autoritativo – os pais adotam uma abordagem afectuosa e centrada na criança, com um grau moderado de controlo que permite à criança, consoante a sua idade, manter uma certa autonomia, que resulta num contexto óptimo de desenvolvimento para a criança, favorecendo a empatia, o relacionamento interpessoal e capacidade de resolução de problemas.
2) Estilo autoritário – reflecte uma postura com um elevado grau de controlo de que resulta uma disciplina de obediência absoluta, o que resulta em dificuldades de relações interpessoais e falta de iniciativa.
3) Estilo permissivo – afeto e aceitação elevados e baixos níveis de exigência e controlo.
4) Estilo negligente/pouco envolvido – baixa responsividade e exigência com risco de serem rejeitantes

Não será demais dizer, que os comportamentos parentais no que concerne à socialização dos seus filhos, também são influenciados pelas características temperamentais das crianças, para além das características do contexto envolvimental, como por exemplo o nível de stress e o apoio emocional e instrumental vivenciado pelos pais.

Bibliografia
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/942/2/17735_ulsd_dep.17466_TeseMIP_LuanaCFerreira.pdf
http://psicopsi.com/pt/estilos-parentais-transtornos-comportamentais-infancia-estilo-parental-contexto-modelo-integrativo/
Brás, P (2008) Um olhar sobre a parentalidade (estilos parentais e aliança parental) à luz das transformações sociais atuais. Mestrado Integrado. FPCE-UL

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