quarta-feira, 3 de abril de 2013

Determinantes da Parentalidade

Uma questão que tem preocupado os investigadores, é a compreensão do porque é que certos indivíduos parecem ter mais sucesso na realização efectiva da parentalidade, ao contrário de outros. Para responder a esta questão, têm-se procurado analisar características individuais e sociais, que expliquem esta diferença.
O termo determinante(s) refere-se a qualquer fator demográfico e psicológico que se encontre relacionado com o comportamento parental (Belsky, 1990, citado por Barroso & Machado, 2011).
O comportamento parental pode ser influenciado por várias determinantes, que estão representadas no Modelo de Belsky. Este modelo presume que a parentalidade é diretamente influenciada por três determinantes: fatores individuais dos pais (personalidade e psicopatologia), fatores individuais da criança (temperamento) e fatores sociais, num contexto alargado, onde ocorrem as trocas pais-criança (relações maritais, ocupação profissional parental, redes de suporte social, …).
No caso, em que o comportamento da criança afeta o comportamento parental, Barroso & Machado (2011) referem estudos em que se concluiu, que crianças com um temperamento mais difícil (maior negativismo, irritabilidade ou pouca sociabilidade), despertam comportamentos parentais de maior hostilidade, menor responsividade e menos sensibilidade para com a criança.
Relativamente às caraterísticas dos pais, Barroso & Machado (2011), apresentam fatores da personalidade como sendo facilitadores da parentalidade, tais como elevados índices de extroversão, de amabilidade, de abertura a novas experiências e de consciência, o que poderá estar na origem de um padrão educativo de maior suporte, responsividade e estimulação inteletual.
As experiências desenvolvimentais dos pais durante a sua infância, influenciam o comportamento enquanto pais, os seus traços de personalidade e o seu bem-estar social.
Finalmente, no que se refere aos fatores sócio-contextuais, Barroso & Machado (2011) referem que a rede de apoio social, bem como as caraterísticas da vizinhança e da comunidade em que a família se insere, determinam certos comportamentos na atividade parental. É referida a importância da coesão e organização social e ainda a existência de redes de suporte informal e formal na prevenção de ambientes de risco e perigo. Em termos da relação marital, os estudos comprova que o funcionamento marital negativo e conflituoso, tem um efeito contraproducente no desenvolvimento e na saúde física e psicológica da criança. Relativamente à empregabilidade, os estudos apontam o impacto no ambiente familiar e no desenvolvimento da criança.
Citado por Barroso & Machado (2011), Belsky considera este modelo, como dinâmico e moderador, possibilitando a observação dos sistemas de proteção de ameaças à parentalidade. Os autores referem ainda que, a parentalidade ótima, é definida como um estado dinâmico entre as três determinantes da parentalidade (caraterísticas da criança, dos pais e do contexto), que podem variar, em função do que permitir uma melhor qualidade de cuidados à criança, num dado momento. Verifica-se que os três determinantes da parentalidade, não exercem o mesmo peso neste sistema. Belsky considera que a determinante crucial se refere às caraerísticas parentais (a nível dos recursos pessoais e psicológicos), seguido das fontes contextuais e sociais de apoio, e por fim das características da criança. Assim, desde que os recursos pessoais e psicológicos parentais permaneçam em ação, mesmo que dois ou três determinantes estejam em risco, um alto funcionamento parental continuará a ocorrer.
 Bibliografia:
Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica, 52, pp. 211-229