Uma questão que
tem preocupado os investigadores, é a compreensão do porque é que certos
indivíduos parecem ter mais sucesso na realização efectiva da parentalidade, ao
contrário de outros. Para responder a esta questão, têm-se procurado analisar
características individuais e sociais, que expliquem esta diferença.
O termo determinante(s) refere-se a qualquer
fator demográfico e psicológico que se encontre relacionado com o comportamento
parental (Belsky, 1990, citado por Barroso & Machado, 2011).
O comportamento
parental pode ser influenciado por várias determinantes, que estão
representadas no Modelo de Belsky. Este modelo presume que a parentalidade é
diretamente influenciada por três determinantes: fatores individuais dos pais
(personalidade e psicopatologia), fatores individuais da criança (temperamento)
e fatores sociais, num contexto alargado, onde ocorrem as trocas pais-criança
(relações maritais, ocupação profissional parental, redes de suporte social,
…).
No caso, em que
o comportamento da criança afeta o comportamento parental, Barroso &
Machado (2011) referem estudos em que se concluiu, que crianças com um
temperamento mais difícil (maior negativismo, irritabilidade ou pouca
sociabilidade), despertam comportamentos parentais de maior hostilidade, menor
responsividade e menos sensibilidade para com a criança.
Relativamente às
caraterísticas dos pais, Barroso & Machado (2011), apresentam fatores da
personalidade como sendo facilitadores da parentalidade, tais como elevados
índices de extroversão, de amabilidade, de abertura a novas experiências e de
consciência, o que poderá estar na origem de um padrão educativo de maior
suporte, responsividade e estimulação inteletual.
As experiências
desenvolvimentais dos pais durante a sua infância, influenciam o comportamento
enquanto pais, os seus traços de personalidade e o seu bem-estar social.
Finalmente, no
que se refere aos fatores sócio-contextuais, Barroso & Machado (2011)
referem que a rede de apoio social, bem como as caraterísticas da vizinhança e
da comunidade em que a família se insere, determinam certos comportamentos na
atividade parental. É referida a importância da coesão e organização social e
ainda a existência de redes de suporte informal e formal na prevenção de
ambientes de risco e perigo. Em termos da relação marital, os estudos comprova
que o funcionamento marital negativo e conflituoso, tem um efeito
contraproducente no desenvolvimento e na saúde física e psicológica da criança.
Relativamente à empregabilidade, os estudos apontam o impacto no ambiente
familiar e no desenvolvimento da criança.
Citado por
Barroso & Machado (2011), Belsky considera este modelo, como dinâmico e
moderador, possibilitando a observação dos sistemas de proteção de ameaças à
parentalidade. Os autores referem ainda que, a parentalidade ótima, é definida como um estado dinâmico entre as
três determinantes da parentalidade (caraterísticas da criança, dos pais e do
contexto), que podem variar, em função do que permitir uma melhor qualidade de
cuidados à criança, num dado momento. Verifica-se que os três determinantes da
parentalidade, não exercem o mesmo peso neste sistema. Belsky considera que a
determinante crucial se refere às caraerísticas parentais (a nível dos recursos
pessoais e psicológicos), seguido das fontes contextuais e sociais de apoio, e
por fim das características da criança. Assim, desde que os recursos pessoais e
psicológicos parentais permaneçam em ação, mesmo que dois ou três determinantes
estejam em risco, um alto funcionamento parental continuará a ocorrer.
Barroso, R.;
Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica,
52, pp. 211-229
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