Ajude o seu filho a ter sucesso na escola
Por Roberto Gomes
O seu filho tem repetido que não
quer ir para a escola ou não o diz, mas nota nele desmotivação ou as notas
estão a baixar? Qual são os pais que nunca ouviram o seu filho dizer, logo pela
manhã, que não quer ir à escola? Mas vamos por partes.
Nem sempre as más notas se devem
a verdadeiras dificuldades de aprendizagem e daí ser muito importante estar
atento ao seu filho e tentar perceber o que se passa verdadeiramente com ele. É
que as emoções, na maioria das vezes, tomam conta da situação e têm um impato
muito forte na forma como o seu filho aprende. Neste campo, os pais podem
ajudar a superar os obstáculos e os bloqueios emocionais e que para isso,
muitas vezes, basta falar e fazer perguntas diretas e concretas.
Todos os pais já ouviram os seus
filhos dizerem que não querem ir à escola. O problema começa quando a situação é
recorrente e prolongado no tempo. Quando assim é, esta questão deve ser
valorizada. Nas crianças mais pequenas, o não querem ir à escola é porque
rejeitam rotinas que começam muito cedo, outras porque não querem ficar longe
das mães e há ainda os casos de insegurança e de bullying. Se bem que este
problema coloca-se mais no primeiro ciclo, mas pode surgir ao longo de todo o
percurso, normalmente com as mudanças de ciclo que implicam mudança de escola
ou outros factores.
Os pais devem conversar com os
filhos pela manhã dizendo “Agora vamos ter de ir embora porque a mãe (ou o pai)
tem de ir trabalhar e tu tens que ir para a escola. Temos mesmo que fazer isto,
Mais tarde falamos sobre isso (e mais tarde devem mesmo falar sobre o assunto e
tentar perceber as razões do filho não querer ir à escola e se acharem
necessário devem ir à escola falar com o professor ou mesmo com o psicólogo)”.Os
pais devem sempre mostrar aos filhos os aspectos positivos da escola e da sua
importância.
Outro aspeto, está relacionado
com as várias mudanças que podem ocorrer na vida de uma criança e de um
adolescente que podem provocar a quebra de estabilidade e as rotinas, como a
mudança de escola, o nascimento de um irmão, o divórcio dos pais, a morte de
alguém próximo. Alguns sintomas podem surgir como os vómitos, cólica, recusa em
ir à escola, distracção na sala de aula, isolamento ou agressividade, etc.
Nestas situações, é muito importante ouvir as crianças, mesmo quando elas não
querem falar. Uma técnica é fazer perguntas objectivas. Não se deve perguntar:
o teu dia correu bem? Mas sim: qual foi a melhor parte do teu dia e a pior? E
esta conversa pode acorrer no caminho da escola para casa. Se isso não
resultar, pode sempre tentar partilhar as experiências e dizer também qual foi
o melhor e a pior parte do seu dia no trabalho.
Mas falar apenas com as crianças
não chega. É preciso falar com o professor, com os colegas, os pais dos
colegas, com o psicólogo da escola ou até colocar a anterior escola em contato
com a actual para que os profissionais percebam o que mudou e porque mudo.
Caso seja fácil sinalizar as
mudanças que originaram as alterações de comportamento do seu filho e por
conseguinte o insucesso escolar, pode ir adaptando histórias que costuma contar
ao seu filho à situação que ele está viver, para que este perceba que as
mudanças são naturais e assim vá perdendo o medo e a ansiedade; outro aspeto
importante é os pais preparem os filhos para a mudança sempre que esta é
esperada: o divórcio, a morte de alguém que está doente há algum tempo, a
mudança de escola, etc.
No entanto, existem também
aquelas crianças e jovens que, genericamente, não gostam da escola. Este problema
pode ser desencadeado por algum acontecimento que leva à desmotivação – por
exemplo a entrada no ensino secundário sem prespetivas de futuro, ou a
dificuldade de aprendizagem logo nos primeiros anos de escola. Assim, cabe
também aos professores e pais usarem uma linguagem que as crianças e jovens
entendam e trazer as aprendizagens para o dia a dia. Por exemplo, os pais ao
invés de perguntarem se o dia correu bem, devem perguntar o que é que o filho,
ou a filha, aprendeu na escola e como é que isso se pode aplicar numa situação
real da vida. Além disso, os pais devem sempre procurar falar com os filhos,
tentar perceber porque eles estão desmotivados e se por acaso não estiverem a
conseguir ajudá-los, então devem, como já vimos anteriormente, procurar ajuda
de profissionais e quanto mais cedo o fizerem melhor pois agir mais tarde pode
ajudar a que os bloqueios aumentem. Muitas vezes são estes pequenos bloqueios
emocionais que estão por trás da não aprendizagem. Estas crianças acumulam
frustração emocional. Uns fecham-se e ficam calados, e outros viram rebeldes
porque, perante os pares é mais fácil dizer “eu não quero” do que “eu não
consigo”. O controlo das emoções é fundamental para se alcançar um bom
desempenho escolar.
Aos pais cabe também um papel
muito importante na motivação dos seus filhos. Primeiro que tudo, é preciso que
a criança ou jovem sejam felizes. Uma estratégia passa pela importância de
incutir nas crianças o hábito de pensar em três coisas boas que lhes aconteceu
durante o dia antes de irem dormir. Desta forma reprograma-se o cérebro e o
sono é mais descansado. Além da felicidade, os pais podem ajudar os filhos a
sentirem-se capazes. Para isso, por cada reprimenda que dão ao filho, têm de
encontrar cinco comportamentos ou acções positivas e não se podem ficar pelo
elogio genérico. Têm de se referir a ações concretas. É também muito importante
que os pais tenham noção da importância das oito horas de sono e que garantam
que os filhos descansam o tempo indicado (a única forma de passar informação a
curto prazo para longo prazo é dormir; fazer uma sesta de 10 a 15 minutos
quando se está a estudar para um teste é aconselhável se não a memória de curto
prazo não aguenta).
Outros dos problemas que surge
normalmente à medida que os estudantes vão passando estapas escolares é o da
indefinição vocacional, o que pode provocar desmotivações e resultados
escolares mais fracos. Os jovens ao 9º ano não têm que saber o que querem ser
mas têm que perceber o que gostam de fazer e qual a sua área de eleição. O problema
é que muitos alunos ainda chegam ao 9º ano completamente perdidos. E de quem é
a culpa? Um pouco dos pais porque estes perderam o hábito de lhes perguntarem o
que querem ser quando forem grandes. Cabe aos pais ajudarem e darem ferramentas
aos filhos para estes serem mais críticos. Perguntar aos filhos o que querem
ser quando forem grandes, conversarem com eles sobre o assunto, mostrar-lhes as
várias hipóteses que existem, ajudá-los a estar bem informados sobre o que se
faz em cada profissão para que eles não criem expectativas erradas. Podem e
devem também procurar ajuda dos gabinetes de orientação nas escolas. É também
muito importante que os pais proporcionem aos filhos outras atividades para
além da escola, como hobbies ou atividades em família pois permite que as
crianças vão tendo maior compreensão sobre o que gostam de fazer.
Fonte: Observador.pt
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