Por Cláudia Sousa Andrade
O ser humano é o único animal que
nasce com o cérebro não desenvolvido, que se desenvolve depois do nascimento. Mesmo
assim, quando nasce, o bebé traz consigo um conjunto muito útil de instintos imprescindíveis
para a sua sobrevivência e orientação para novos envolvimentos.
Também os pais estão programados
para amarem e responderem adequadamente às interações do bebé. A maioria dos
adultos (e também das crianças) acha os bebés irresistíveis e instintivamente
tem o desejo de os cuidar e de os proteger. Os bebés, por sua vez, têm
tendência a orientar-se para a cara das pessoas e estão predispostas a ouvir
mais os sons humanos do que outros sons.
O desenvolvimento do cérebro está
dependente das experiencias precoces, calorosas e da atividade cerebral, isto
é, dos estímulos do envolvimento. A maioria dos bebés recebe desde os primeiros
dias, através dos instintos parentais que se traduzem em comportamentos como: o
toque, o segurar no colo, o confortar, o embalar, no cantar e no falar com ele,
que têm impacto biológico no desenvolvimento do seu cérebro. Esta é a melhor
forma de estimular o cérebro em crescimento, de promover o desenvolvimento dos
genes a alcançar o seu máximo potencial e de fortalecer as conexões nervosas,
enquanto ajudamos a criança a adaptar-se ao seu novo ambiente e se processa o
crescimento das vias neuronais.
É através das experiências
diárias dos pais cuidarem do seu bebé, que surgem grandes oportunidades de
influenciar o crescimento do cérebro da criança. O contacto ocular, falar,
beijar, abraçar, embalar, afagar e pegar ao colo, contribuem para o
reconhecimento de pistas verbais e não-verbais que o bebé aprende a reconhecer,
a expressar e a imitar. O carinho e as respostas adequadas e sensíveis para com
o bebé, parecem proporcionar-lhe o melhor e mais encorajador envolvimento, que lhes
permitir explorarem-no e assim apanharem o principal caminho para a
aprendizagem.
É enquanto isto que o nosso bebé
digere e associa as informações que lhe permitem construir a base para o
desenvolvimento da linguagem, das relações sociais, das ideias, da criatividade
e da personalidade.
Mas o cérebro também é plástico,
razão pela qual todas as experiências da criança estimulam, quer positiva, quer
negativamente as suas conexões nervosas. Uma vez que o cérebro é altamente
eficiente, ele desliga neurónios que não são usados, enquanto fortalece as ligações
daqueles que são usados consistentemente. Sem ativação neuronal, o
sistema fica em um estado de espera com desenvolvimento inadequado. Por outro
lado, ambientes enriquecidos podem prolongar o período de maior plasticidade. Este processo é chamado de
arborização dendrítica, caraterizado pelo desenvolvimento de sinapses (ligações
neuronais) e torna possível um correto desenvolvimento, sendo muito ativa
durante a infância.
Entre o
nascimento e os 10 anos, o cérebro da criança forma triliões de conexões, que
se não forem estimuladas, por experiencias mentais ou físicas, serão desligadas.
Esta plasticidade cerebral e as
experiências envolvimentais a que o cérebro está mais suscetível permitem a
identificação de períodos críticos do desenvolvimento, identificados como um
período em que determinadas aprendizagens podem ocorrer de forme ideal. Fora
deste período crítico as aprendizagens podem ocorrer, mas com maior esforço.
A título de exemplo, pode-se
afirmar que o período crítico do desenvolvimento para aprender a andar de
bicicleta, termina pelos 6 anos e que para a aquisição da linguagem, começa a
desligar-se por volta dos 5 anos.
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