Elaborado por Cláudia Sousa Andrade
O programa Anos Incríveis é um
programa de competências parentais, criado por Carolyn Webster Statton para
reduzir problemas de comportamento e promover competências sociais e emocionais
em crianças e é uma dos programas aplicados em Portugal pela Universidade de
Coimbra, à população portuguesa.
Em relação ao programa Anos
Incríveis para pais (AI – P), que se trata de um programa que em termos de
contextualização tem como objetivo geral a promoção da saúde mental em crianças,
através da intervenção sobre os pais. Prevê a promoção de estilos parentais e
educativos positivos e apoiantes, enquanto por outro lado procura diminuir estilos
parentais e educativos negativos e severos. Para as crianças tem como objetivo
diminuir comportamentos agressivos e opositivos desde cedo e promover
competências sociais e de auto-regulação.
É desenvolvido com grupos de 12 pais de
crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 8 a os anos. O cuidador
envolvido, é o pai a mãe ou outro, tendo a formação lugar na comunidade. Ocorre
ao longo de 12 a 14 sessões, sendo moderado por 2 facilitadores com formação específica
na versão do programa que aplicam.
O programa assenta numa base
teórica que inclui as teorias da aprendizagem social, de auto eficiência e da
vinculação. Em termos metodológicos, este programa recorre a uma abordagem colaborativa em que se utilizam métodos
ativos como: modelação por vídeos, role-plays e repetições, trabalhos de casa, apoio
nas atividades e discussões em grupo.
Em termos de apoio logístico é
necessário, fácil acesso ao local, bom ambiente, transporte, horários, baby
sittiing, É ainda necessário manuais detalhados para os dinamizadores, DVD, livros
e materiais para formar os pais.
Segundo Seabra-Santos, et al, 2016,
desde a publicação do primeiro programa da série, que foi desenhado para apoiar
pais de crianças entre os 2 e os 8 anos para melhoria das suas práticas
parentais, vários outros foram propostos até ao presente, sendo que esta série
inclui agora programas para os pais, para professores e para crianças, tendo
sempre estas últimas como alvo de mudança.
O amplo suporte empírico que o
programa AI-P tem vindo a alcançar ao longo de 35 anos, incluiu este nos
directórios internacionais de intervenções baseadas em evidências. Embora
estudos relacionados com estes programas dêem maior visibilidade a
comportamentos relacionados com a diminuição da agressividade e de oposição,
também o AI-P se tem mostrado eficaz na promoção de competências socio
emocionais (Seabra-Santos, M.J., et al, 2016, citando Mentig, et al). Deste
modo, enquanto ocorre a intervenção direta com os pais, o programa visa
aumentar as práticas parentais positivas, capacitar os pais enquanto
“treinadores” de competências sociais nas crianças e como “modelos” eficazes de
competências sócio emocionais, fortalecendo as relações pais-filhos. Estes
estudos revelam ainda uma melhoria na comunicação e na resolução de problemas
no seio da família. Com base em estudos de follow up, estes efeitos mantêm-se
ao longo do tempo (Seabra-Santos, et al, 2016).
As mesmas autoras referem que as sucessivas
replicações que têm com o programa AI-P e que têm ocorrido em diversos países,
têm-se traduzido em estudos que tem revelado resultados positivos a curto,
médio e longo prazo, não só a nível dos comportamentos das crianças, mas também
com as práticas parentais, permitindo a transportabilidade para outros países,
nos quais se inclui Portugal.
Em Portugal, mais especificamente
no seio do concelho de Coimbra, foi realizado um outro estudo, do qual fizeram
parte 102 pais e mães de 82 crianças entre os 3 e os 6 anos. Deste estudo
resultam a nível das práticas parentais uma diminuição da rigidez disciplinar e
aumento da disciplina apropriada. Também se regista um aumento do sentido da
competência parental. Ao nível das crianças regista-se um aumento das aptidões
sociais e uma diminuição de problemas de comportamento. A nível da avaliação da
satisfação parental dos pais, estes avaliaram as sessões positivamente a nível
dos conteúdos.
Foi, assim, colocado em evidência
a utilidade prática deste programa e a sua dinamização enquanto meio para
intervir e promover a saúde mental em crianças, mediante a intervenção dos seus
pais.
Fontes Bibliográficas:
Seabra-Santos, M. J; Gaspar M.F,;
Homem, T.C.; Azevedo, A.; Silva, I.; & Vale, V. (2016) Promoção de
Competências Sociais e Emocionais: Contributos dos Programas Anos Incríveis in
A.M. Pinto; R. Raimundo (Eds), Avaliação e promoção de competências
socio-emocionais em Portugal pp 227-260. Vialonga: coisas para ler.
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