quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Modelo Ecológico da Parentalidade


Numa apreciação critica ao Modelo de Belsky, Kotchick e Forehand (2002, citados por Barroso & Machado, 2011), estes reforçam a existência de múltiplos fatores com influencia nas práticas parentais, embora dêem mais importância ao contexto social onde a família atua, chamando a atenção para fatores fora da família como por exemplo, riscos e recursos comunitários, a qualidade da vizinhança, a pobreza, os costumes culturais e étnicos e ainda o suporte social.
A partir do modelo ecológico da parentalidade descrito por Luster & Okagaki, Kotchick & Forehand, citados por Barroso & Machado (2011) destacam-se os resultados que o contexto social promove no exercício da parentalidade, nomeadamente os efeitos provocados pela etnia e cultura, pelo estatuto socioeconómico, pelo ambiente comunitário e pela vizinhança.

Pode dizer-se que o contexto social tem uma importância basilar, mas que existe uma tendência para ignorar o impacto dos contextos de vizinhança e comunitário no comportamento humano e nas suas consequências adversas a nível dos processos psicológicos.
Num estudo realizado por Flouri et al, (2009) e citado por Barroso & Machado (2011), são comparados os efeitos contextuais, em termos de vizinhança e família com os resultados a nível da psicopatologia infantil, sendo que ambos os factores contextuais referidos têm influência àquele nível de contexto, sobretudo por ação de múltiplos riscos familiares, independentes do estatuto socioeconómico.

Quando existe privação económica, o acesso a recursos pessoais, familiares e comunitários podem atenuar os efeitos que decorrem desta desvantagem, tendo sido referida a importância do desenvolvimento de competências de autorregulação e autoestima nos programas desenhados para esta população, bem como, fomentar uma maior monitorização parental.
Podemos referir que, quando se pretende avaliar a influência do contexto comunitário sobre as percepções que os pais têm da sua parentalidade, verifica-se que as características individuais passam rapidamente para segundo plano, quando comparadas com as características dessa comunidade.

Em relação aos fatores étnico e cultural, os modelos familiares integram diversas crenças sobre as competências julgadas importantes para a sobrevivência e sucesso das crianças. É por isso que os objectivos dos comportamentos parentais em determinado contexto cultural são o de utilizar os recursos disponíveis na comunidade, tendo em vista o desenvolvimento dessas competências infantis valorizadas culturalmente.
Bibliografia:
Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica 52, pp. 211-230.

 

 

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