O
Modelo Ecológico da Parentalidade
Numa apreciação critica ao Modelo de
Belsky, Kotchick e Forehand (2002, citados por Barroso & Machado, 2011), estes
reforçam a existência de múltiplos fatores com influencia nas práticas
parentais, embora dêem mais importância ao contexto social onde a família atua,
chamando a atenção para fatores fora da família como por exemplo, riscos e
recursos comunitários, a qualidade da vizinhança, a pobreza, os costumes
culturais e étnicos e ainda o suporte social.
A partir do modelo ecológico da parentalidade descrito por Luster &
Okagaki, Kotchick & Forehand, citados por Barroso & Machado (2011)
destacam-se os resultados que o contexto social promove no exercício da
parentalidade, nomeadamente os efeitos provocados pela etnia e cultura, pelo
estatuto socioeconómico, pelo ambiente comunitário e pela vizinhança.
Pode dizer-se que o contexto social tem
uma importância basilar, mas que existe uma tendência para ignorar o impacto
dos contextos de vizinhança e comunitário no comportamento humano e nas suas
consequências adversas a nível dos processos psicológicos.
Num estudo realizado por Flouri et al,
(2009) e citado por Barroso & Machado (2011), são comparados os efeitos
contextuais, em termos de vizinhança e família com os resultados a nível da
psicopatologia infantil, sendo que ambos os factores contextuais referidos têm
influência àquele nível de contexto, sobretudo por ação de múltiplos riscos
familiares, independentes do estatuto socioeconómico.
Quando existe privação económica, o
acesso a recursos pessoais, familiares e comunitários podem atenuar os efeitos
que decorrem desta desvantagem, tendo sido referida a importância do
desenvolvimento de competências de autorregulação e autoestima nos programas
desenhados para esta população, bem como, fomentar uma maior monitorização
parental.
Podemos referir que, quando se pretende
avaliar a influência do contexto comunitário sobre as percepções que os pais
têm da sua parentalidade, verifica-se que as características individuais passam
rapidamente para segundo plano, quando comparadas com as características dessa
comunidade.
Em relação aos fatores étnico e
cultural, os modelos familiares integram diversas crenças sobre as competências
julgadas importantes para a sobrevivência e sucesso das crianças. É por isso
que os objectivos dos comportamentos parentais em determinado contexto cultural
são o de utilizar os recursos disponíveis na comunidade, tendo em vista o
desenvolvimento dessas competências infantis valorizadas culturalmente.
Bibliografia: Barroso, R.; Machado, C. (2011) Definições, dimensões e determinantes da parentalidade in Psychologica 52, pp. 211-230.
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