Por Cláudia Sousa Andrade
O apoio social, assenta numa base
conceptual derivada de três considerações teóricas: a ecologia do
desenvolvimento humano (Bronfembrenner), a teoria do apoio social (Cohen &
Syme) e ainda a teoria da procura de ajuda (DePaul et al.)
Enquanto a primeira referência
conceptual aponta para que o desenvolvimento humano se faz de acordo com
diversas dimensões que incluem a pessoa em desenvolvimento, os processos
que implicam o desenvolvimento de atividades entre os vários contextos, os contextos
que se referem ao ambiente geral em que a pessoa está inserida e à sua
organização em vários níveis onde se processa o desenvolvimento da pessoa, e
por fim a dimensão tempo que tem a ver com as mudanças que ocorrem nos
eventos da vida e que podem influenciar o desenvolvimento da pessoa. [in http://pt.slideshare.net/jbarbo00/modelo-bioecolgico-do-desenvolvimento-de-bronfenbrenner,
consultado em 26.10.2016]
Quanto à teoria do apoio social,
esta refere-se ao apoio que é trocado ao nível interpessoal e que proporciona a
uma pessoa alvo, apoio emocional, apoio instrumental, apoio informativo e
formas de feedback avaliativo.
A última teoria analisa as
circunstâncias que afetam a decisão de um indivíduo pedir ajuda, a própria
natureza do ato, bem como o tipo de trocas de ajuda que é realizado (Dunst
& Trivette, citados por Serrano, 2007).
Os mesmos autores referem ainda
que as famílias utilizam por um lado recursos sociais (são recursos
extrafamiliares, são potenciais fontes de apoio externo) e por outro lado
recursos psicológicos (que são recurso intrafamiliares de cada membro da
família) como forma de satisfazerem as suas necessidades e lidar com as
situações do dia-a-dia.
Trivette et al., referidos por
Serrano (2007) apontam que aos efeitos do apoio social sobre as famílias com
crianças está dependente de componentes e dimensões específicas as quais se
influenciam mutuamente: (1) Apoio relacional, (2) Apoio
estrutural, (3) Apoio funcional, (4) Apoio constitucional e (5) Satisfação com
o apoio (ver neste blog, post de outubro de 2016 – O conceito de apoio social).
Atendendo às componentes referidas
e de acordo com a investigação realizada, o apoio social influencia direta e
indiretamente o comportamento dos pais, da família e da criança. Verificou-se
que este apoio é sobretudo prestado nas seguintes áreas do comportamento dos
pais, da família e da criança: saúde pessoal e familiar, comportamentos e
atitudes parentais, perceção parental acerca do desempenho dos seus filhos e
ainda no comportamento e desenvolvimento da criança. Verifica-se então que o
apoio social tem influência direta, indireta, de mediação ou moderação no
bem-estar dos pais, no funcionamento familiar, nas interações entre pais e
criança e no comportamento e desenvolvimento das crianças.
Um outro aspeto, citado por
Serrano (2007), referindo estudos de Crnic & Stormshak e Dunst et al., é de
que nos primeiros anos de vida da criança, o apoio social está indiretamente
associado ao seu desenvolvimento. Este aspeto deve-se á influência direta que o
apoio social tem sobre a saúde, o bem-estar pessoal e o funcionamento familiar,
que têm por sua vez influência sobre os estilos de interação pais-criança e que
vão influenciar o comportamento da criança.
Citando Dunst, et al., a mesma
autora refere que o apoio social tem influência direta no comportamento do
recetor do apoio e influência indireta nas interações com os demais membros da
família.
Na mesma perspetiva, os referidos
autores, relacionaram variáveis como o apoio informal, o bem-estar pessoal, o
funcionamento familiar, as funções parentais e o desenvolvimento infantil,
tendo verificado que o apoio social está mais relacionado com o bem-estar e
pouco relacionado com o desenvolvimento infantil. Verificou também que são as
funções parentais que estão fortemente relacionadas com o desenvolvimento da
criança. Sendo assim, torna-se importante, a aposta no fortalecimento das
funções parentais, se queremos influenciar o desenvolvimento dos mais pequenos.
Desta forma reiteramos a
importância do trabalho junto das figuras parentais, timoneiros da família,
como meio de chegarmos às crianças e de assim intervirmos indiretamente no seu
desenvolvimento.
Para além disto, temos que as
abordagens baseadas nos recursos (ou na comunidade), referem-se a um conjunto
de pessoas e organizações da comunidade passiveis de serem possuidores de
fontes de apoio e de recursos capazes de corresponderem às necessidades das famílias,
dos pais e das crianças, mobilizando assim recursos formais e informais (Serrano,
2007).
Citando Trivette et al., a autora refere que a expressão dos recursos comunitários
tem como significado: redes sociais pessoais, organizações, grupos
associativos, programas comunitários e profissionais, serviços profissionais
especializados que podem ser usados pela família, pelos pais e pela criança com
o objetivo de ter algum impacto positivo em cada um destes elementos.
Fonte:
Serrano, A. M. (2007) A
importância do apoio social em práticas centradas na família in Redes
sociais de apoio e sua relevância para a intervenção precoce. 16 Coleção
Educação Especial. Porto Editora. Pp-78-91
Sem comentários:
Enviar um comentário