Por Cláudia Sousa Andrade
Considera-se que a família é o centro da
sociedade. No entanto, nem sempre todas as famílias são capazes de se organizar
para responder adequadamente às necessidades dos seus membros, devido à
intervenção de diversos fatores.
O ambiente familiar proporcionado
pelos pais tem um impacto inequívoco na trajetória desenvolvimental das
crianças. A necessidade de apoio aos pais que por vezes é necessária, deu
origem à intervenção parental. O desenvolvimento de projetos de formação
parental que ajude os pais a melhorar o ambiente familiar, para os seus filhos
tem-se verificado. É por isso que é importante, fazer a avaliação deste processo,
para saber de sua eficácia.
O Conselho da Europa defina a
parentalidade positiva como “ o conjunto de comportamentos parentais que
procura o bem-estar da criança e o seu desenvolvimento integral desde uma
perspetiva, de cuidado afeto, proteção, enriquecimento e segurança pessoal, de
não-violência, que proporciona reconhecimento pessoal e pautas educativas, e
inclui o estabelecimento de limites para promover o seu completo
desenvolvimento, o sentimento de controlo da sua própria vida.”
Esta surge como uma parentalidade
respeitosa que é apoiada nos direitos da criança, consistente com os princípios
de não- discriminação, primazia do interesse superior da criança em todas as
ações relativas a ela, direito da criança à sobrevivência e ao desenvolvimento
máximo, o respeito pelos seus pontos de vista. É neste âmbito surge a
intervenção na parentalidade e concretamente da formação parental.
A importância da formação
parental resulta também no ser possível apoiar a família no contexto de
formação, a nível dos comportamentos e de crenças educativas de modo a
maximizar conscientemente o desenvolvimento integral das crianças.
A formação
parental engloba programas educacionais cujo objetivos enquadram-se no apoio
aos pais no desempenho de tarefas educativas para que o processo educativo
facilite o desenvolvimento da criança e que seja recompensador para os pais.
Em função do grau de estruturação
ou estandardização das intervenções foram identificadas 4 formas
1. Intervenções
internacionais estandardizadas com conteúdos, procedimentos e instrumentos
definidos
2. Intervenções
nacionais estandardizadas, adaptadas para Portugal, e cuja eficácia não foi
totalmente comprovada
3. Intervenções
estruturadas, construídas à medida, de acordo com a população a que se destina
4. Intervenções
flexíveis, construídas ao longo da do decorrer das sessões, em função das
necessidades sentidas
Podem ter um caráter preventivo
ou terapêutico (quanto à natureza).
Podem ainda ser divididas em função dos seus
conteúdos, dos pressupostos teóricos, de contextos de realização ou da
natureza da intervenção.
Visto que a pobreza constitui um
importante fator de risco, que influencia as práticas educativas bem como os
resultados da criança.
A investigação aponta
caraterísticas pelas quais estas famílias são alvos importantes da formação
parental: 1) baixos níveis educacionais dos pais, (provoca dificuldades no
apoio escolar dos filhos e dificulta o envolvimento no contexto escolar de
criança), 2) problemas de saúde, 3) desemprego, 4) desempenho de empregos de
baixo estatuto social, 5) acontecimentos de vida negativos (divorcio ou
desemprego) o que contribui para uma 6) parentalidade inconsistente (falta de
afeto e condições que potenciam o maltrato infantil).
Obstáculos à formação parental:
impedimentos de natureza financeira, política, social, preconceitos, poucos
pais assistem.
Também se constata que os pais
participam menos que as mães, chegando os pais a mostrar indiferença perante a
relevância dessas formações. Programas mais atractivos e a alteração das
crenças e atitudes dos progenitores. Estas atitudes surgem
frequentemente em meios mais tradicionalistas que consideram que a educação dos
filhos é tarefe maioritariamente função feminina. Para inverter esta tendência
há que alterar crenças e atitudes dos progenitores, quanto ao processo
educativo e à relevância destas formações.
É importante uma cuidadosa
avaliação dos programa de formação parental de modo a identificar os elementos de
sucesso das intervenções e permitir construir novos programa mais úteis e
promotores do bem-estar das famílias.
As lacunas advêm de problemas
metodológicos e teóricos como a não existência de grupos de controlo, a não replicação
de programas (clientes e formadores podem variar), amostras pouco rigorosas, escassez
de estudos de seguimento. Estas lacunas têm levado à introdução de metodologias
quantitativas na avaliação. Este tipo de abordagem implica o desenvolvimento de
um conjunto de questões abertas que se vão focalizando progressivamente através
de processos de indução ou de intuição
A avaliação, que se torna cada vez mais frequente, apresenta
geralmente valores positivos.
Este estudo teve por base uma metodologia qualitativa com base numa entrevista semi estruturada que foi tratada mediante análise de conteúdo, As entrevistas foram realizadas, a 18 pais que participaram em três programas que decorreram no Porto.
Fonte bibliográfica:
Abreu-Lima, I.; Pratinha,I. (2012) Avaliação de Intervenções de Formação Parental in Revista AMAzónica, ano 5, Vol VIII(1) jan-jun 2012 pp 210-245